Dados do Trabalho
Título
Pessoas vivendo com HIV/aids, em abandono de tratamento, durante pandemia COVID-19 em um serviço de referência em Campo Grande/MS
Introdução
O tratamento antirretroviral é essencial para pacientes vivendo com HIV/AIDS (PVHA), mas as taxas de abandono são preocupantes. A pandemia de COVID-19 destacou ainda mais esses desafios, aumentando o temor de mais abandonos entre os pacientes.
Objetivo (s)
Caracterizar o abandono de tratamento antirretroviral por PVHA atendidos no centro de referência de doenças infecciosas e parasitárias Hospital Dia Profa. Esterina Corsini HUMAP/EBSERH de Campo Grande, MS durante o período da pandemia do COVID-19.
Material e Métodos
O estudo incluiu pacientes com HIV/Aids que abandonaram o tratamento entre 2020-2021 no Hospital Dia. Dados sociodemográficos, laboratoriais e clínicos foram coletados do prontuário online e planilha de dispensação da farmácia do Hospital, além de resultados de testes de COVID-19 notificados nos sistemas e-SUS ou Sivep-Gripe. O estudo foi aprovado pelo comitê de ética em pesquisa em seres humanos da UFMS.
Resultados e Conclusão
O estudo avaliou 146 pacientes que abandonaram o tratamento antirretroviral, com média de idade de 38 anos (± 12,1). Cerca de 28% tinham 1⁰ grau completo. Dos hábitos de vida, 52,8% eram etilistas, 38,6% tabagistas e 29,5% usavam drogas ilícitas, destacando-se maconha, cocaína e pasta base. Sobre o perfil desses pacientes 62,3% tinham histórico de abandono anterior. Durante esse período, 21% precisaram de internação. Retornaram ao acompanhamento 110 pacientes, os quais relataram como razões para o abandono: dificuldade de acesso ao local para consulta (42,8%) e a pandemia (12%). Antes do abandono, 62,5% tinham carga viral (CV) detectável, ao retorno 76,8% deles. A contagem de LTCD4+ era inferior a 350 células/mm³ em 34,7% antes do abandono, aumentando para 60,9% após. Do total de pacientes, 8 (5,5%) testaram positivo para COVID-19 e 3 evoluíram para óbito (37,5%), outros 9 pacientes foram a óbitos por outras causas (p=0,014). Dos 146 pacientes incluídos no estudo, 36 (24,7%) permaneceram em abandono. Conclui-se que uma grande parcela dos pacientes avaliados tinham um histórico prévio de tratamento irregular, e que, pelas justificativas, a pandemia apenas intensificou esse cenário. Outro aspecto importante é que a maioria dos pacientes apresentaram carga viral detectável (acima de 1000 cópias) e LTCD4+ abaixo de 350 células, denotando a vulnerabilidade para infecções oportunistas e consequente aumento da letalidade. Por fim, a mortalidade por COVID-19 em pacientes que abandonaram o tratamento foi significativa.
Palavras Chave
Coronavírus; SARS-CoV-2; Síndrome da Imunodeficiência Adquirida; pessoas vivendo com HIV
Área
Eixo 10 | 4.Outras viroses humanas e veterinárias - Outras
Prêmio Jovem Pesquisador
4.Não desejo concorrer
Autores
Maria Eduarda Nonato da Silva Vieira, Sarah Waldschmidt da Cunha, Adriana Carla Garcia Negri, Lívia de Mello Almeida Maziero, Daniel Henrique Tsuha, Isabelle Mendes de Oliveira, James Venturini, Sandra Maria do Valle Leone de Oliveira, Ana Paula da Costa Marques