Dados do Trabalho


Título

LEISHMANIOSE CANINA URBANA EM MUNICÍPIO AMAZÔNICO: MAGNITUDE E IMPLICAÇÕES PARA A SAÚDE HUMANA

Introdução

O cão, reservatório de Leishmania infantum, é incriminado também como reservatório de espécies causadoras da leishmaniose tegumentar (LT). Lutzomyia antunesi é provável vetor de Leishmania naiffi (Rondônia) e Leishmania lindenbergi (Pará). No Nordeste do Pará, antiga fronteira de colonização do estado, Lu. antunesi ocorre em Cachoeira do Piriá, município endêmico para LT, onde 46% (148/324) dos doentes (2013-2022) são mulheres e crianças e um caso de leishmaniose visceral (LV) humana foi relatado (2006). Com 19.630 habitantes, 2.419 km² e cinco bairros urbanos, não se conhece a magnitude da leishmaniose canina (LCan) e implicações à saúde humana. 

Objetivo (s)

Descrever a etiologia, a distribuição espacial e os prováveis vetores flebotomíneos da LCan urbana em Cachoeira do Piriá. 

Material e Métodos

Estudo descritivo transversal, com aprovação ética (Instituto Evandro Chagas: 04/2023/CEUA/IEC/SVSA/MS). Amostraram-se cães no tempo fixo de 5h/bairro (06/2023): sangue (SG) e swab conjuntival (SC). Realizou-se PCR (hsp70-234), estimativas de distribuição e densidade (Kernel) de cães positivos, captura (CDC: 18h-6h/180h; outubro/2023) e identificação entomológica. Produtos da PCR purificados (Illustra ExoProStar) e preparados (Kit BigDye Terminator v3.1) foram sequenciados (ABI3500XL). 

Resultados e Conclusão

Cães positivos na PCR (60/93; 65%) tiveram proporções semelhantes (x̅ = 35%) nos cinco bairros (ꭓ2: GL = 4; p = 0,2239). Principais aglomerados de LCan estavam a Noroeste e Sudeste da área urbana. Sangue foi mais sensível que SC na PCR (Fisher: p<0,0016). Foi possível sequenciar duas amostras: complexo Leishmania donovani (filogenia). Identificaram-se Lu. antunesi (02) e Lutzomyia evandroi (11). Constatou-se LCan urbana devida à L. infantum em Cachoeira do Piriá, podendo haver outros agentes. Áreas de maior risco (Noroeste e Sudeste) são prioritárias à vigilância. Houve baixa representatividade da fauna flebotomínica (verão amazônico), mas Lu. antunesi alerta à possível transmissão de patógenos Leishmania, inclusive aos humanos. Lutzomyia longipalpis, alvo das ações de vigilância da LV, não foi reportada em Cachoeira do Piriá e sua ausência em inquéritos anteriores (2022) sugere transmissão de L. infantum por vetor secundário. Amostragens nas estações seca e chuvosa, marcadores com maior poder discriminatório (polA1 e hsp70) e aprimoramento de protocolos com SC devem balizar o planejamento das ações de vigilância das leishmanioses no município.

Palavras Chave

Leishmania; Psychodidae; PCR; vigilância de zoonoses; análise espacial

Área

Eixo 06 | 2.Protozooses humanas e veterinárias - Leishmaniose

Prêmio Jovem Pesquisador

4.Não desejo concorrer

Autores

Adriana Sousa Tapajós, Luciana Pinto Oliveira, Andrea Helena Martins Amaral, Clístenes Pamplona Catete, Luciana de Cássia Silva do Nascimento, Edivaldo Costa Sousa Júnior, Walter Souza Santos, Lourdes Maria Garcez