Dados do Trabalho

Título

Levantamento malacológico de Achatina fulica bowdich, 1822, hospedeiro intermediário de angiostrongylus spp., no município de Belém, Pará, Brasil

Introdução

O gastrópode Achatina fulica Bowdich, 1822, conhecido como caracol gigante africano, é uma espécie hospedeira de nematódeos de importância médico-veterinária, com destaque para Angiostrongylus cantonensis, agente etiológico da meningite eosinofílica humana. Este gastrópode está presente em todas as unidades federadas do Brasil. 

Objetivo (s)

Realizar o levantamento malacológico de A. fulica em Belém avaliando estes moluscos quanto a presença de nematódeos, bem como a influência de características climáticas e ambientais. 

Material e Métodos

Coletas foram realizadas em sete distritos administrativos de Belém (DA); os bairros foram selecionados com base em conhecimento prévio da ocorrência do molusco. Foi utilizado aparelho receptor de GPS para obtenção de coordenadas geográficas em todos os pontos de buscas por A. fulica. Os dados ambientais e climáticos obtidos durante a coleta foram registrados no formulário de campo e os exemplares obtidos foram transportados para o Laboratório de Malacologia para análises biométricas e ensaio parasitológico de Baermann modificado a fim de detectar larvas de Angiostrongylus spp. Análises complementares foram realizadas no Laboratório de Referência Nacional para Esquistossomose – Malacologia (LRNEM) da Fundação Oswaldo Cruz – FIOCRUZ- Rio de Janeiro, para determinação da espécie do helminto obtido. 

Resultados e Conclusão

A. fulica está amplamente distribuída no município de Belém, sendo encontrada em 10 dos 12 bairros estudados, sendo eles: Cabanagem, Jurunas, Ponta Grossa, Tenoné, Carananduba, Maracajá, Água Boa, Barreiro, Telégrafo e Marco. Os ensaios parasitológicos de Baermann modificado detectaram 9 moluscos positivos para Angiostrongylus spp. (taxa de infectividade = 31%) distribuídos por 5 pontos de coleta e 4 distritos administrativos de Belém, sendo eles Benguí, Guamá, Icoaraci e Outeiro. Os bairros onde foram encontrados moluscos infectados com Angiostrongylus spp. foram Cabanagem, Jurunas, Tenoné e Água Boa. Este trabalho confirma a presença de áreas focais de risco de ocorrência de angiostrongilíases. Visto que esse é o primeiro registro de A. fulica naturalmente infectado com Angiostrongylus spp. no município de Belém, ele merece atenção das autoridades de saúde, pois trata-se de um problema envolvendo espécie exótica invasora e hospedeira de doenças humanas graves, havendo enorme risco a saúde pública no município.

Palavras Chave

Achatina fulica; Caracol gigante africano; Espécie invasora; Angiostrongylus cantonensis; Meningite eosinofílica