Dados do Trabalho

Título

CARACTERIZAÇÃO MOLECULAR DE CEPAS DE TRYPANOSOMA CRUZI ISOLADAS DE SURTOS DE DOENÇA DE CHAGAS NO ESTADO DO PARÁ NO ANO DE 2022.

Introdução

A doença de Chagas, causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi, persiste sendo um problema de saúde pública em diversas regiões das Américas. A transmissão pode ocorrer por meio do contato com fezes de triatomíneos infectados ou por meio de consumo de alimentos contaminados, sendo associado principalmente o açaí.

Objetivo (s)

Analisar os aspectos epidemiológicos e laboratoriais dos casos de infecção por T. cruzi nos municípios do Pará, com foco na caracterização da cepa do parasito e no local do contágio.

Material e Métodos

O estudo realizou a análise molecular de amostras de 20 pacientes confirmados para doença de Chagas aguda, pertencentes a sete municípios do Pará que foram atendidos no segundo semestre do ano de 2022 na Seção de Epidemiologia do Instituto Evandro Chagas (SAEPI-IEC), sob CAAE n° 20586113.8.80000.0019. Os pacientes são procedentes de sete municípios do Pará, sendo eles 6/20 do Acará, 4/20 de Mocajuba, 3/20 Limoeiro do Ajuru, 3/20 de Belém, 2/20 de Abaetetuba, 1/20 de Moju e 1/20 de São Miguel do Guamá. Os mesmos foram atendidos por demanda espontânea e submetidos a exames parasitológicos e sorológicos para doença de Chagas. Como critério de inclusão utilizamos os pacientes com síndrome febril que apresentaram resultado positivo no exame parasitológico direto de gota espessa. As cepas do parasito foram identificadas por PCR convencional utilizando o marcador molecular Mini-exon para identificar cepas de TcI, TcII e TcIII de T. cruzi.

Resultados e Conclusão

Supõe-se que a forma de contágio foi o consumo de açaí contaminado, tendo em vista que todos os pacientes do estudo relataram o consumo de açaí e são pertencentes a áreas endêmicas da doença. A maioria dos casos (19/20 – 95%) ocorreu em surtos familiares, reforçando a hipótese de contaminação por açaí adquirido de um mesmo fornecedor. A idade média dos pacientes foi de 32,5 anos, com faixa etária entre 3 a 74 anos. Dos 20 pacientes, 12 (60%) eram sexo feminino e 8 (40%) do sexo masculino. A cepa predominante do parasito foi TcI com 18/20 (90,5%), seguida por TcII 1/20 (4,8%) e TcIII 1/20 (4,8%). O estudo demonstra a predominância da cepa TcI (90,5%). Estes achados reforçam a importância do mapeamento de áreas afetadas por esta variedade do genótipo de T. cruzi. Todos os casos ocorreram através de possível transmissão oral o que reforça a importância do diagnóstico precoce e do controle da qualidade dos alimentos. Ressalta-se a necessidade de medidas de vigilância epidemiológica e ações educativas para prevenir a transmissão da doença.

Palavras Chave

Trypanosoma cruzi; DTUs; miniexon; Doença de Chagas; açaí; transmissão oral.