Dados do Trabalho
Título
Caracterização epidemiológica e espacial dos primeiros casos de Febre do Oropouche no estado Espírito Santo.
Introdução
A incidência e a propagação geográfica das infecções pelo vírus Oropouche (OROV) aumentaram no Brasil. Em 2024, com a descentralização dos testes pelo Ministério da Saúde, infecções pelo OROV foram relatadas na região extra amazônica. A expansão do OROV pelo Brasil pode representar um risco à saúde pública, haja visto a escassez de estudos que descrevem o comportamento clínico-epidemiológico e espaço-temporal do OROV.
Objetivo (s)
Caracterizar o perfil epidemiológico e a distribuição espaço-temporal dos casos confirmados de OROV no estado do Espírito Santo (ES).
Material e Métodos
Estudo descritivo de série de casos confirmados para OROV no ES. Foram incluídas todas as investigações realizadas até a semana epidemiológica (SE) 22 do ano de 2024. Os casos com local provável de infecção (LPI) em outros estados do Brasil foram excluídos. O método utilizado para a confirmação dos casos foi reação de transcriptase reversa seguida de reação em cadeia da polimerase (RT-qPCR). Todos os exames RT-qPCR não detectáveis para dengue, zika e chikungunya foram testados para OROV. Foram calculadas as frequências absolutas e relativas das variáveis sociodemográficas e clínicas. Para a análise espaço-temporal foram realizados mapas seriados de casos novos de OROV por SE. O estudo dispensa aprovação ética por se tratar de dados públicos abertos.
Resultados e Conclusão
Foram notificados 227 casos confirmados para OROV até a SE 22 no ES. O primeiro caso foi relatado na SE 13, sendo o pico de confirmação na SE 21, com 62 casos (27,3%). Das caracteristicas sociodemograficas, 134 (59,1%) são do sexo biológico masculino, 84 (37,1%) entre 40 a 59 anos de idade, 117 (51,5%) pretos e pardos e 134 (59,1%) residiam em zona rural. Entre as características clínicas, 205 (90,3%) relataram febre, 193 (85,1%) cefaleia, 167 (73,5%) mialgia, 86 (37,8%) dor retroorbitária, 61 (26,8%) náuseas, 50 (22,1 %) vômitos e 34 (14,9%) artralgia intensa. Observa-se que os primeiros casos autóctones confirmados no ES não possuem vínculo epidemiológico com outros casos positivos para OROV no Brasil e não possuem histórico de deslocamento para áreas conhecidas de transmissão no país. A maioria dos novos casos entre a SE 15 a 22 possuem vínculo epidemiológico e espaço-temporal com demais casos locais. Sendo assim, conclui-se que a transmissão do OROV no ES, até a SE 22 de 2024, se concentra em regiões de zona rural e periurbana sustentando uma transmissão localizada, mantendo o vínculo epidemiológico e espaço-temporal com casos anteriores das regiões afetadas.
Palavras Chave
Infecções por arbovírus; Infecção Oropouche; Vigilância da Saúde; Distribuição Temporal; Distribuição Espacial.
Área
Eixo 08 | Arboviroses humanas e veterinárias
Prêmio Jovem Pesquisador
4.Não desejo concorrer
Autores
João Paulo Cola , Karina Bertazo Del Carro, Adriana Endlich da Silva, Raphael Lubiana Zanotti, Daliana Meneguelli D’Agostin, Joana Zorzal Nodari, Anna Clara Gregório Có, Fabiana Marques Dias e Silva, Thiago Nascimento do Prado