Dados do Trabalho

Título

Evolução espaço-temporal da epidemia de sarampo (2019/2020) no estado de São Paulo

Introdução

O sarampo é uma doença viral aguda e imunoprevenível, provocada por um vírus de RNA da família Paramyxoviridae, subgrupo Morbillivirus. Entre 2019 e 2020, foi registrado o maior número de casos de sarampo em 22 anos no estado de São Paulo (ESP), três anos após a eliminação da circulação endêmica do vírus. 

Objetivo (s)

Descrever o perfil epidemiológico dos casos de sarampo ocorridos durante a epidemia de 2019/2020 no ESP, identificando padrões de distribuição espaço temporal dos casos. Além disso, pretende-se investigar a relação entre os municípios que apresentaram casos e as doses de vacinas aplicadas. 

Material e Métodos

Trata-se de um estudo ecológico utilizando dados populacionais do IBGE, casos confirmados de sarampo, entre 2019 e 2020 registrados no SINAN, e cobertura vacinal entre 1998 e 2018 no Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunizações. Para entender a distribuição e evolução da doença, os casos foram estratificados por faixa etária e agrupados por semanas epidemiológicas. O software SatScan foi utilizado para identificação dos aglomerados espaço-temporais de casos. O município de São Paulo foi excluído da análise para evitar vieses pelo seu tamanho populacional e assegurar a representatividade dos clusters identificados no restante do estado. 

Resultados e Conclusão

Foram confirmados 18.940 casos de sarampo no ESP entre 2019 e 2020, sendo que o pico da epidemia ocorreu em agosto/2019. As maiores taxas de incidência foram observadas nos menores de um ano, durante todo o período epidêmico. A maior proporção de casos ocorreu na faixa etária de 20 a 29 anos. Os agrupamentos temporais começaram na faixa etária de 20 a 29 anos, seguido dos menores de um ano de idade, e foram se deslocando para outros grupos etários. Em relação ao espaço-tempo, a região leste do estado apresentou cluster de risco para todas as faixas etárias, principalmente em maiores de 20 anos; aglomerados de casos em crianças menores de nove anos apresentaram maior distribuição no ESP. No que refere à situação vacinal, aproximadamente 40% dos casos ocorreram em pacientes não vacinados e 41% em vacinados. Em 2019 houve acúmulo de susceptíveis no ESP inteiro, principalmente nas faixas etárias acima de 20 anos. Conclusão: Este estudo destaca a dinâmica dos padrões de incidência do sarampo na maior epidemia da doença no período pós-eliminação no ESP, identificando períodos, grupos etários e regiões críticas para intervenções direcionadas para fortalecimento da vigilância e imunização.

Palavras Chave

vírus; Vacinação; susceptíveis; transmissão.