Dados do Trabalho


Título

Panorama epidemiológico da malária em um município de fronteira internacional com área de garimpo no Amapá, Brasil

Introdução

Em 2023 foram notificados 4.883 casos autóctones de malária no Amapá, 18,2% deles no município de Oiapoque, que fica na fronteira com a Guiana Francesa, e é caracterizado pela presença de garimpos, assentamentos e aldeias indígenas que contribuem para a alta carga de malária no local, além de servir de passagem de garimpeiros para a Guiana Francesa.  

Objetivo (s)

Caracterizar a epidemiologia da malária no município de Oiapoque-AP no período de 2014 a 2023. 

Material e Métodos

Estudo descritivo utilizando dados do Sivep-Malária de 2014 a 2023. Os dados foram analisados através do programa Epi InfoTM versão 7.2.3.1.

Resultados e Conclusão

Resultados: De 2014 a 2023 foram notificados 8.857 casos de malária, com uma média de 885 ± 469,2 (mediana: 917 IIQ: 526-1236) casos por ano; 90,1% dos casos foram por Plasmodium vivax. Ainda, 62,3% dos casos ocorreram em indivíduos do sexo masculino. Os anos de 2017, 2018 e 2019 contribuíram com maior número de casos (1.512, 1.629, e 1.236, respectivamente). No período, houve 7.493 (84,6%) casos autóctones e 1.364 (15,4%) importados. A partir de 2019 foi observado um decréscimo de casos importados no município, correspondendo a 7,6% dos casos notificados, com um novo aumento em 2022, com 29,3% de casos importados. Nestes 10 anos, a Guiana Francesa foi o principal local de infecção dos casos importados em Oiapoque, com um total de 1.199 casos (87,9%), principalmente causados pelo P. vivax. Em 2014, o P. falciparum contribuiu com 33,5% dos casos importados ao município. Do total de casos de P. falciparum em Oiapoque em 2014, 79,4% foram importados. Esses casos importados da Guiana Francesa sofreram uma queda ao longo dos anos, com 60 casos em 2019, dos quais apenas 2 (3,3%) foram por P. falciparum (p>0,01). No período estudado, 15,8% dos casos foram em áreas de garimpo; comparando 2014 com 2023 houve um aumento significativo, sendo 69,9% em áreas de garimpo (p<0,01). Na maior parte do período, o município teve uma Incidência Parasitária Anual (IPA) considerada como de médio risco epidemiológico; porém em 2017 e 2018 a IPA foi de 55 e 59,2, respectivamente, classificando o município como de alto risco. Conclusão: A epidemiologia da malária está em constante mudança no município do Oiapoque. As fronteiras internacionais e as áreas de garimpo são determinantes para a transmissão. É necessário manter a vigilância dos casos e garantir a oferta de diagnóstico e tratamento oportunos de maneira a interromper a transmissão e reduzir os casos da doença.

Palavras Chave

malária; Epidemiologia; Oiapoque; leishmaniose

Área

Eixo 06 | 3.Protozooses humanas e veterinárias - Malária

Prêmio Jovem Pesquisador

4.Não desejo concorrer

Autores

Amanda Figueira da Silva, Jessica de Oliveira Sousa, Hermano Gomes Albuquerque, Martha Cecilia Suarez-Mutis