Dados do Trabalho


Título

Abrindo portas para condições reumatológicas: dengue e malária como gatilhos para artrite, um relato de caso.

Objetivos(s)

O objetivo desse trabalho é o de relatar um caso de artrite após infecção por dengue e malária.

Relato do Caso

Artrite após um quadro de malária ou dengue não é comum. Temos aqui o caso de um homem de 58 anos, brasileiro, retornando de Angola. No início de dezembro de 2023, por apresentar febre, procurou o Hospital Universitário Oswaldo Cruz, da Universidade de Pernambuco, para realizar o teste para malária. O resultado foi positivo para Plasmodium falciparum. Foi tratado com artemeter, lumefantrina e primaquina, todos via oral, sem necessidade de internamento. Após duas semanas, procurou novamente o hospital com mialgia e cefaleia. Um novo exame parasitológico para malária foi feito, mas o resultado foi negativo. Tratado apenas com sintomáticos, teve melhora clínica. Na primeira consulta ambulatorial para controle de cura para malária, em janeiro de 2024, queixava-se de artralgia, principalmente nos dedos das mãos (com rigidez matinal), braços e ombros. Relatou que nunca havia sentido isso antes, e ser previamente hígido. Como a malária normalmente não leva à artralgia, pensamos na possibilidade de alguma arbovirose associada. Até então (e nas subsequentes) as lâminas de controle de cura para malária foram negativas. Resolvemos assim solicitar sorologias para Dengue e Chikungunya, duas causas importantes de artralgia. Ainda, prescrevemos prednisona em dose baixa: 7,5mg por 7 dias, depois 5mg por 7 dias, e por último 2,5mg por mais 7 dias. Os resultados de IgM e IgG para Chikungunya foram negativos. O IgG para Dengue foi negativo, mas o IgM para Dengue foi reagente. Solicitamos ainda FAN, com resultado reagente 1:160 e padrão nuclear pontilhado (AC-4/5/BAC-4). Exame de anticorpos anti-CCP foi 1,5 (limite <4,0) e o Fator Reumatoide foi 8,7 (limite <30) – ou seja, ambos negativos. O VHS foi reagente (24mm; limite <15mm), e proteína C reativa normal (0,48; limite <5,0). O paciente relatou melhora parcial da artralgia e foi encaminhado para seguimento com a reumatologia. Esse relato está registrado no CEP HUOC-UPE (CAAE 79758524.5.0000.5192).

Conclusão

Malária e dengue podem apresentar achados clínicos semelhantes, e a sorologia foi essencial para o diagnóstico diferencial desse quadro de artrite. Nesses casos, é difícil saber até que ponto cada uma dessas doenças (dengue e malária) esteve envolvida nesse quadro de artrite. Relatos na literatura apontam para a existência da artrite pós-dengue ou malária, apesar das entidades não serem bem estabelecidas.

Área

Eixo 08 | Arboviroses humanas e veterinárias

Prêmio Jovem Pesquisador

4.Não desejo concorrer

Autores

Diego Lins Guedes, Lucas Alves Campelo, Elizabeth Araújo Dias Silva, Maria Clara Galindo Padilha