Dados do Trabalho


Título

Frequência de mutações no gene fadD9 do Mycobacterium leprae em pacientes atendidos em uma fundação de referência no Amazonas

Introdução

A hanseníase, doença infecciosa crônica causada pelo Mycobacterium leprae e Mycobacterium lepromatosis, passou a utilizar tratamento com antimicrobianos na década de 40 e foi seguido por relatos de resistência aos antimicrobianos (RAM) em anos posteriores. O tratamento irregular, por longos períodos e em monoterapia favoreceram o surgimento de mutações associadas à RAM. Para redizir o surgimento da RAM foi adotado o esquema de poliquimioterapia, vigente até os dias atuais. O monitoramento da RAM em hanseníase no Brasil ocorre de forma sistemática desde outubro de 2018. Os dados demonstram baixa frequência de mutações nos genes avaliados: folpI (dapsona), rpoB (rifampicina) e gyrA (ofloxacino). Contudo, a busca por novos alvos e mecanismos associados com a RAM é fundamental para o sucesso do tratamento. Estudos recentes sugerem a participação de outros genes na RAM, dentre eles o gene fadD9. Pouca informação sobre esse gene está disponível, mas é provável que ele codifique uma enzima do tipo CoA-ligase, que participa da oxidação de ácidos graxos. Sua ligação com a RAM ainda necessita de confirmação, especialmente sua relação com a clofazimina.

Objetivo (s)

Investigar a frequência de mutações no gene fadD9 do M. leprae em pacientes com recidiva, atendidos em uma fundação de referência em dermatologia no Amazonas.

Material e Métodos

Foram incluídas 83 amostras de biopsias de pacientes com recidiva, coletadas no período de 2012-2018, para investigação da RAM na Fundação Hospitalar Alfredo da Matta. O DNA extraído foi amplificado por PCR convencional e seguido de sequenciamento direto, pelo método Sanger. As sequências obtidas foram analisadas com o Software Mega, Versão 11. Este estudo foi aprovado pelo CEP/FUHAM (parecer 2.081.853).

Resultados e Conclusão

Dos 83 casos de recidiva, 10 não apresentaram amplificação do DNA alvo, impossibilitando a análise. Em 73 amostras os produtos de pcr foram sequenciados. Foram observadas 8 (11%) amostras com mutações no gene fadD9. A mutação mais frequente (N=3) foi a T65, do tipo silenciosa. Também foram observadas outras três mutações A162 (N=1), I178 (N=1) e T795 (N=1) desse tipo. Duas mutações de sentido trocado foram observadas, D520N e G267S. Conclusão: O gene analisado apresentou elevada frequência de mutação na amostra analisada, comparado aos demais genes avaliados na rotina de RAM. Isso reforça a necessidade de estudos voltados para melhor compreensão do seu papel na RAM em hanseníase.

Palavras Chave

Resistência aos antimicrobianos; vigilância molecular; Hanseníase.

Área

Eixo 18 | Resistência a antimicrobianos e novas abordagens não antibióticas

Prêmio Jovem Pesquisador

4.Não desejo concorrer

Autores

Cynthia Oliveira Ferreira, Jaqueline Bentes da Silva, André Luiz Leturiondo, Camila Gurgel dos Santos da Silva, Michelle Fernanda de Andrade Souza, Catherine Bianca Oliveira Rego, Guilherme Caldas de Souza, Carolina Talhari