Dados do Trabalho
Título
Avaliação da neutralização cruzada de anticorpos policlonais de cadeia pesada de camelídeos (HCAbs) à venenos e toxinas de serpentes
Introdução
Os camelídeos possuem um repertório diversificado de anticorpos convencionais (IgG1) e de anticorpos constituídos apenas por cadeia pesada (IgG2 e IgG3), denominados Heavy-Chain Antibodies (HCAbs). Por definição, os HCBbs são anticorpos desprovidos de cadeia leve. Esses anticorpos possuem peso molecular de 90 kDa, ausência do domínio CH1 e alta afinidade a seus alvos. Dentre as inúmeras aplicações de imunoglobulinas convencionais, têm-se a composição do soro antiofídico, constituído por IgG total e seus fragmentos, como o monovalente (Fab) ou anticorpo de fragmento divalente F(ab')2.
Objetivo (s)
Com o intuito de obter ferramentas terapêuticas com elevado potencial neutralizante, propôs-se a análise da eficácia de neutralização das IgGs de camelídeo.
Material e Métodos
Para isso, a partir das IgGs purificadas do soro de um espécime Lama glama previamente imunizado com crotoxina (CTX), toxina isolada do veneno de Crotalus durissus terrificus, foi realizada a avaliação da reatividade cruzada a venenos de serpentes do gênero Bothrops e Crotalus. Adicionalmente, foi analisado o potencial das IgGs de neutralizar a citotoxidade provocada por diferentes venenos botrópicos em cultura de células C2C12 a partir da quantificação dos níveis de LDH liberados, e avaliação da viabilidade celular mensurada com o método de MTT.
Resultados e Conclusão
Nos ensaios de imunorreatividade cruzada a IgG2 apresentou maior reatividade dentre as três isoformas (IgG1, IgG2 e IgG3) contra os venenos e toxinas de diferentes espécies pertencentes aos gêneros crotálicos e botrópicos. A IgG2 aumentou a viabilidade celular em mais de 40% em relação às células incubadas com veneno de B. jararacussu e B. moojeni. Ao passo que a IgG3, promoveu aumento de 30% nas células expostas ao veneno de B. moojeni. Na verificação do potencial de inibição de citotoxicidade mensurado pela quantificação dos níveis de LDH, a IgG2 demonstrou reduzir mais de 40% dos níveis de LDH nas células incubadas com veneno de B. moojeni e mais de 50% para B. atrox, enquanto IgG3 demonstrou redução de mais de 15% para B. jararacussu e mais de 60% para B. moojeni. Os resultados obtidos nesse estudo apontam que os HCAbs policlonais apresentaram maior potencial de interação com toxinas ofídicas do que o apresentado pela imunoglobulina convencional, além da capacidade em inibir de forma cruzada os efeitos citotóxicos dos venenos botrópicos, apontando os anticorpos de cadeia pesada como importante ferramenta aplicável no tratamento do ofidismo.
Palavras Chave
Envenenamento ofídico; soroterapia; HCAb; policlonal.
Área
Eixo 03 | Acidentes por animais peçonhentos
Prêmio Jovem Pesquisador
3.Concorrer na categoria - Doutorado
Autores
Jackson Vieira Leitão, Nidiane Dantas Reis Prado, Braz Júnior Campos Farias, Sibele Andrade Roberto, Juliana Pavan Zuliani, Carla Freire Celedônio Fernandes, Soraya Dos Santos Pereira