Dados do Trabalho

Título

Detecção de tripanossomatídeos em Lutzomyia longipalpis coletados em casas no Distrito Federal, Brasil

Introdução

As leishmanioses são doenças tropicais negligenciadas causadas pela ação parasitária de tripanossomatídeos do gênero Leishmania, que são transmitidos para animais silvestres, domésticos e seres humanos pela picada de insetos denominados flebotomíneos, popularmente conhecidos como mosquito-palha. No Distrito Federal (DF) foram registradas 35 espécies de flebotomíneos, sendo que, em casas, a principal espécie coletada é Lutzomyia longipalpis, principal vetor de Leishmania infantum. Desde 2004 casos humanos de leishmaniose visceral têm sido registrados no DF e a incidência de casos caninos tem persistido nos últimos anos, porém não se conhece a frequência de infecção de Lu. longipalpis por tripanossomatídeos no DF.

Objetivo (s)

Objetivamos investigar a presença de tripanossomatídeos em Lu. longipalpis coletados em residências na Vila Planalto em Brasília-DF.

Material e Métodos

Em outubro de 2023 coletamos flebotomíneos em 10 casas em um setor de chácaras da Vila Planalto durante 10 noites usando armadilhas HP (esforço de 100 armadilhas/noite), associadas ao uso de feromônio de agregação sexual sintético de Lu. longipalpis, distanciadas 30m umas das outras. Entre fevereiro e março de 2024 coletamos novamente em 3 das 10 casas por 5 noites para aumentar nossa amostra de fêmeas por casa (2-4 armadilhas/casa). As armadilhas foram posicionadas em abrigos de animais domésticos e outros locais propícios para a presença do vetor no peridomicílio. Os flebotomíneos capturados foram clarificados, montados em lâmina e identificados taxonomicamente. Grupos de fêmeas foram separados em pools, por casa, para extração de DNA e detecção de infecção por tripanossomatídeos por PCR SSU rRNA, cujas amostras positivas foram submetidas a PCR ITS-1 para Leishmania sp.

Resultados e Conclusão

Detectamos Lu. longipalpis em 9 das 10 casas amostradas. Coletamos 116 flebotomíneos (66 fêmeas). Cinquenta e quatro fêmeas foram agrupadas em 8 pools de 6 casas diferentes e a PCR detectou 4 pools positivos para tripanossomatídeos (mínimo de 7,4% e máximo de 55,5% de infecção). Casas com flebotomíneos infectados apresentavam cães no peridomicílio. Não houve resultado positivo para Leishmania sp.  Os resultados mostram a primeira evidência de Lu. longipalpis infectado por tripanossomatídeos no DF. A presença de cães infectados por Leishmania sp. na área sugere a presença desse parasito na área de estudo. Esperamos sequenciar o produto amplificado para realizar a identificação do tripanossomatídeo em questão e determinar a fonte alimentar dos vetores.

Palavras Chave

Flebotomíneos; leishmaniose; Tripanossomatídeos; Cerrado; Casas; Brasília