Dados do Trabalho
Título
Cryptococcus spp. isolados do LCR de pacientes com meningite criptocócica em um hospital de referência em doenças infecciosas no Ceará: Caracterização proteômica e sensibilidade antifúngica
Introdução
Criptococose, uma infecção fúngica invasiva de alta morbimortalidade causada por Cryptococcus spp., vem emergindo como uma ameaça à saúde pública. O tratamento dessa infecção tem se tornado um desafio diante da evolução da resistência aos antifúngicos.
Objetivo (s)
O estudo objetivou confirmar a identificação, avaliar a sensibilidade in vitro de Cryptococcus spp. isolados do LCR de pacientes com meningite criptocócica e detectar possíveis mudanças na epidemiologia da resistência hospitalar.
Material e Métodos
Foram analisados 32 isolados não repetidos de Cryptococcus spp. de pacientes do Hospital São José de Doenças Infecciosas no período de 2016 a 2021. A identificação dos isolados foi realizada pelo MALDI-TOF MS®. A concentração inibitória mínima (MIC50/90) da anfotericina b e da fluocitosina foi determinada pelo VITEK®2 e a do fluconazol, pelo método do gradiente de concentração usando Candida parapsilosis ATCC 22019 como controle. O estudo foi aprovado pelo comitê de ética da instituição.
Resultados e Conclusão
Dos 32 isolados, 30 (93,75%) foram identificados como C.neoformans e 2 (6,25%) como C.gattii, confirmando o resultado do VITEK®2. Isolados de C.neoformans eram predominantemente de pacientes HIV-positivos (28/93,3%), enquanto os dois de C.gattii eram de HIV-negativos. Dentre os 28 portadores de HIV, 12 (42,86%) foram a óbito à época da internação, todos com histórico de abandono ou não uso de TARV. A faixa de MIC e as MIC50/90 foram respectivamente: 0,25-1,0 (0,5/1,0) ug/mL para anfotericina b; 0,75- >256 (3,0/6,0) ug/mL para fluconazol e 1,0-2,0 (2,0/2,0) ug/mL para flucitosina. Nenhum isolado apresentou resistência à anfotericina b. Entretanto, é preocupante que a MIC90 (1,0 ug/mL) encontrada para essa droga tenha se mostrado tão próxima do seu ponto de corte (S<=1; R>1). Apesar de não existir ponto de corte no BrCAST para os azóis/Cryptococcus, 3 (9,34%) dos isolados apresentaram MIC bastante elevada para fluconazol (16; 24 e >256 ug/mL). As cepas com MIC elevada foram isoladas em 2016 e 2019 e não houve associação significativa entre espécie e suscetibilidade no estudo. Flucitosina teve ótima atividade contra os isolados testados. O estudo destaca a necessidade de vigilância ativa da resistência aos antifúngicos em diferentes populações e de padronização dos testes de sensibilidade para uma melhor correlação clínico-laboratorial, desfechos clínicos mais favoráveis e redução dos impactos da resistência microbiana na saúde pública.
Palavras Chave
Cryptococcus; Criptococose; Meningite; Sensibilidade antifúngica.
Área
Eixo 18 | Resistência a antimicrobianos e novas abordagens não antibióticas
Prêmio Jovem Pesquisador
4.Não desejo concorrer
Autores
João Pedro Veras Muniz Farias, Zayra Hellen de Abreu Alexandre, Karene Ferreira Cavalcante, Ana Carolina Barjud Marques Máximo, Thaís Freitas Magalhães, Stephany Arruda Santos, Maite Amanajas Viana, Paulo Germano Carvalho, Italo José Mesquita Cavalcante, Jacó Ricarte Lima Mesquita, Ângela Maria Veras Stolp