Dados do Trabalho

Título

Avaliação do desenvolvimento de Lutzomyia longipalpis sob estresse metálico

Introdução

A poluição por metais pesados ​​tornou-se um problema global. Os metais estão presentes desde solos ricos em metais à ambientes urbanos impactados por processos industriais/minerários. Os metais podem apresentar efeitos tóxicos no desenvolvimento das espécies e em vetores estes efeitos são negligenciados na literatura. O Lutzomyia longipalpis (Phlebotominae), principal vetor da leishmaniose visceral no Brasil, é um vetor adaptado a ambientes degradados e esta presente em algumas cidades da bacia do Rio Doce, ambiente naturalmente rico em metais que foi agravado por ação antrópica e pelo rompimento de uma barragem de rejeitos de metais.

Objetivo (s)

Verificar o desenvolvimento de L. longipalpis criados em ambientes artificialmente contaminados com metais (cádmio, cobre e ferro) e rejeito de minério.

Material e Métodos

Imaturos em estádio larval 3 foram criados com ração contaminada com concentrações distintas de cobre (20mg/kg, 100mg/kg, 200mg/kg e 400mg/kg); cádmio (0,5mg/kg e 200mg/kg); ferro (30mg/kg e 10000mg/kg) e; rejeito em três concentrações 25%, 50% e 75%. Triplicatas com 30 indivíduos por pote foram acompanhados diariamente para analisar o tempo de desenvolvimento de larva a adulto. O sucesso reprodutivo foi avaliado pela oviposição de adultos criados em cobre (100mg/kg) e controle. 

Resultados e Conclusão

Os resultados demonstram que a exposição de larvas de flebotomíneos a dosagens dos metais e do rejeito não alteram o tempo de desenvolvimento entre estádios dos imaturos a adultos em relação aos indivíduos criados no substrato controle (ração sem metal). A taxa de sobrevivência entre os estádios, também não apresentou diferença significativa entre os tratamentos, sendo a fase larval mais afetada com maior taxa de mortalidade. Em relação a oviposição, o controle apresentou maior número de ovos/fêmea em relação aos indivíduos criados na presença do cobre. A adaptação a novos ambientes e a toxicidade induzida por metais pode ter acionado mecanismos de desintoxicação e imobilização dos metais para viabilizar o seu desenvolvimento a adulto. Entretanto, o número de descendentes gerados foi afetado nos indivíduos crescidos na presença de cobre. A tolerância a contaminação por metais por L. longipalpis precisa ser considerada, uma vez que adaptações a novos ambientes proporcionam vantagens distintas, além de ser um passo importante para futuras previsões sobre o risco de sua expansão populacional e as potenciais consequências epidemiológicas pela disseminação da leishmaniose nessas regiões.

Palavras Chave

toxicologia; desintoxicação; fitness; metais pesados; Flebotomíneos; Leishmaniose visceral: doença negligenciada