Dados do Trabalho

Título

Perfil clínico-epidemiológico da infecção por citomegalovírus em pacientes com HIV/Aids internados no Centro de Medicina Tropical de Rondônia, 2021 e 2022

Introdução

A infecção por citomegalovírus (CMV) é assintomática na maioria dos casos em indivíduos saudáveis, mas representa uma ameaça significativa para imunocomprometidos, especialmente os pacientes vivendo com HIV/Aids (PVHA). Apesar da diminuição da incidência da coinfecção com o advento da terapia antirretroviral (TARV), a interação entre CMV e HIV ainda representa um risco relevante, exigindo estudos clínico-epidemiológicos para identificar fatores de risco e manifestações clínicas associadas. 

Objetivo (s)

O objetivo deste trabalho foi analisar o perfil clínico-epidemiológico da infecção por CMV em PVHA atendidos no Centro de Medicina Tropical de Rondônia – CEMETRON em 2021 e 2022. 

Material e Métodos

Foram seguidos todos os preceitos éticos para pesquisa em seres humanos, para o levantamento das informações nos diferentes sistemas de informação consultados. Trata-se de um estudo descritivo, analítico, quantitativo, observacional e retrospectivo. 

Resultados e Conclusão

Foram internados neste período 48 PVHA infectados pelo CMV. A idade média foi de 40,8 anos e 58% era do sexo masculino (58%). A letalidade foi de 10%, todos do sexo masculino. Entre os locais de acometimento pelo CMV, a maioria (69%) apresentou lesões ulceradas em trato gastrointestinal, 15% retinite, 10% doença neurológica e 6% outras manifestações. A contagem média de linfócitos T CD4+ foi de 111,3 células/mm³, mas nos que evoluíram a óbito, foi de 31,3 células/mm³. Referente à carga viral, a média foi de 875.522 cópias. Em relação à TARV, constatou-se que, no momento da internação pela infecção, 52% nunca havia usado e 45,8% o fazia de forma incorreta. Não houve diferença estatisticamente significativa na contagem de CD4 entre os dois grupos, mas a carga viral se mostrou maior no primeiro grupo (1.085.373 cópias) que no segundo (724.804 cópias). Dos 42 pacientes que realizaram pesquisa de DNA, 37 (88%) apresentaram carga viral detectável. Todos os pacientes foram submetidos a tratamento com ganciclovir e 76% apresentaram regressão das lesões, sendo que 9% apresentaram sequelas. Diferente de outros estudos, a grande maioria dos pacientes desta pesquisa apresentou comprometimento de trato gastrointestinal, suplantando a retinite. O acesso a avaliação especializada, além de diagnóstico e tratamento oportunos pode ter influenciado neste resultado, demonstrando a importância do acesso a um hospital de referência estadual por parte dos PVHA.

Palavras Chave

Epidemiologia; Citomegalovírus; coinfecção CMV-HIV