Dados do Trabalho

Título

Avaliação do potencial terapêutico da cianobactéria Arthrospira platensis e da microalga Dunaliella tertiolecta para a Leishmaniose Visceral Canina

Introdução

A leishmaniose visceral afeta principalmente humanos e cães, com uma alta taxa de mortalidade na ausência de tratamento. Explorar novos alvos com potencial terapêutico é crucial, pois as atuais opções de tratamento possuem alto custo, alta toxicidade e causam efeitos adversos graves. Neste cenário, Microrganismos Fotossintetizantes (MFs) vêm sendo investigados e se revelam promissores para o tratamento de doenças parasitárias.

Objetivo (s)

O objetivo deste estudo é avaliar in vitro o potencial de extratos brutos dos MFs Arthrospira platensis e Dunaliella tertiolecta para a terapêutica da Leishmaniose Visceral Canina (LVC).

Material e Métodos

Após o cultivo, os extratos foram obtidos através de sonicação, passando em seguida por filtração e dosagem. Foram determinados os Índices de Seletividade (IS) dos extratos e da droga de referência (Miltefosina), a partir da concentração citotóxica de 50% (CC50) em Células Mononucleares do Sangue Periférico (PBMC) de cães saudáveis (CEUA 158/2020) e da concentração inibitória de 50% (IC50) em promastigotas de Leishmania infantum. As PBMC dos cães foram também cultivadas e tratadas com os extratos, com a Miltefosina e com o Antígeno Solúvel de L. infantum (LSA) para avaliação do potencial imunomodulador, por meio de expressão gênica (RT-qPCR), produção de citocinas (ELISA) e produção de óxido nítrico (NO).

Resultados e Conclusão

Assim, a Miltefosina apresentou toxicidade para L. infantum (IC50 = 1,23 µg/mL), assim como os extratos (IC50 de A. platensis = 259,20 µg/mL; IC50 de D. tertiolecta = 53,75 µg/mL). Para as células dos cães, os extratos demonstraram menor toxicidade (CC50 de A. platensis > 1000 µg/mL; CC50 de D. tertiolecta = 600,36 µg/mL) do que a Miltefosina (CC50 = 285,81 µg/mL). Dessa forma, entre A. platensis (IS > 3,85), D. tertiolecta (IS = 11,17) e Miltefosina (IS = 232,2) esta última foi a mais seletiva. Os testes de resposta imune revelaram que, nos extratos, a expressão de IFN-γ, TNF e RORc em grande parte das concentrações, juntamente com uma produção de TNF e NO, foram superiores ao LSA e sugerem um perfil imunológico protetor. Para a Miltefosina se observou o oposto, com uma expressão de RORc, IFN-γ e produção de TNF inferiores ao LSA, indicando um perfil de susceptibilidade. Diante disso, os extratos de A. platensis e D. tertiolecta exibiram resultados promissores, demonstrando baixa toxicidade para as células caninas, atividade contra L. infantum e indução da resposta imune, podendo ser considerados como potenciais candidatos terapêuticos para a LVC.

Palavras Chave

Leishmaniose Visceral Canina; produtos naturais; tratamento; Saúde Única