Dados do Trabalho

Título

Avaliação do perfil genético e virológico de gestantes infectadas com o vírus da hepatite B atendidas no ambulatório de hepatites virais do Instituto Oswaldo Cruz, Fiocruz, Rio de Janeiro

Introdução

As estimativas mostram que cerca de 65 milhões de mulheres em idade fértil estão infectadas com o vírus da hepatite B (HBV) em todo o mundo. Esse número é relevante, pois o HBV pode ser transmitido verticalmente (TV). Apesar dos esforços feitos pelo Brasil para prevenir a TV, ainda estão sendo registrados casos de infecção em crianças com menos de 5 anos de idade. A maioria desses casos está relacionada a falhas de prevenção, falta de resposta à vacina e fatores virais (escape imunológico e mutações à fármacos).

Objetivo (s)

Avaliar a variabilidade genética do HBV em gestantes atendidas no Ambulatório de Hepatites Virais (AHV) da Fiocruz Rio de Janeiro entre 2016-2022. 

Material e Métodos

O presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) sob o CAAE No 54476521.0.0000.5248. De uma coorte de 138 gestantes, 50 gestantes eram reagentes para HBsAg e com cargas virais de >2,5x10 log/mL foram incluídas no estudo. As amostras selecionadas foram submetidas à extração de DNA viral e amplificadas usando a PCR qualitativa para a região S/Pol do HBV, as amplificadas foram sequenciadas e analisadas para identificar genótipos virais e possíveis mutações clinicamente relevantes.

Resultados e Conclusão

Foram analisados, até o momento, dados de 20 gestantes. A média de idade entre elas foi de 31 anos (20 a 41 anos) e 40% (n= 8/20) das gestantes, chegaram ao ambulatório no terceiro trimestre de gestação (entre 27 e 40 semanas de gestação). Foi observado, a partir do protocolo de classificação clínica de infecção pelo HBV, que 95% (n=19/20) das gestantes possuíam a infecção crônica HBeAg negativo, duas gestantes foram encaminhadas ao tratamento antiviral durante ou a após a gestação, pois apresentaram log de carga viral > 6. Foi possível amplificar com sucesso as 20 amostras e a carga viral média observada foi de 3,70 log UI/ml; 30% (n=6/20) das amostras foram sequenciadas e apresentaram os genótipos A1 (n=5/6,83%) e D3 (n=1/6,16%). Apenas uma gestante apresentou uma mutação de relevância clínica, encontrada na região do envelope viral (Y100C) que é associada a baixa detecção de HBsAg em testes diagnósticos e hepatite B oculta. Nossos resultados mostram a importância de identificar mutações de relevância clínica na região da proteína S do envelope viral, assim como investigar mutações de escape imunológico e de drogas em gestantes positivas para o HBV para fins de vigilância epidemiológica, com o objetivo de interromper a cadeia de TV.

Palavras Chave

Vírus da Hepatite B; HBV; Infecção crônica; Transmissão vertical; Mutações virais.