Dados do Trabalho

Título

Ocorrência simultânea de arboviroses durante a epidemia de Dengue na Bahia em 2024: Chikungunya, Zika e Febre do Oropouche

Introdução

As arboviroses são um desafio para a saúde pública em regiões tropicais devido às condições climáticas favoráveis à proliferação dos mosquitos vetores e às vulnerabilidades socioeconômicas. A interação entre duas ou mais doenças com circunstâncias epidemiológicas semelhantes requer atenção dos gestores e serviços de vigilância e assistência à saúde, justificando a necessidade de aprofundar o conhecimento acerca da circulação simultânea dos seus agentes etiológicos.

Objetivo (s)

Descrever a ocorrência simultânea de arboviroses na Bahia durante a epidemia de Dengue em 2024.

Material e Métodos

Foi realizado um estudo transversal utilizando dados coletados pela Diretoria de Vigilância Epidemiológica da Bahia no período de janeiro a 08 de junho de 2024. As notificações de casos de Dengue, Chikungunya e Zika tiveram como fonte o SINAN, enquanto as de Febre do Oropouche foram extraídas do Gerenciador de Ambiente Laboratorial do LACEN. A análise foi realizada quanto à incidência, distribuição geográfica e temporal. Por se tratar de dados secundários, não houve necessidade da apresentação deste estudo ao Comitê de Ética e Pesquisa. 

Resultados e Conclusão

Foram registrados 213.156 casos prováveis de Dengue, 14.097 de Chikungunya, 1.872 de Zika, além de 612 casos confirmados de Febre do Oropouche, equivalendo respectivamente aos seguintes coeficientes de incidência por 100.000 habitantes: 1.507,3; 99,7; 13,3 e 4,3. A letalidade em casos graves de dengue foi de 2,59%, a de Chikungunya foi de 0,04%, nenhum óbito por Zika e Febre do Oropouche foi confirmado. Observou-se uma sobreposição geográfica das quatro arboviroses em 11 municípios, com predominância na região sul do estado, contudo a região crítica para Dengue foi a sudoeste. O pico das infecções por Dengue ocorreu nas semanas 12 (19.806 casos prováveis) e 14 (20.545). Para Chikungunya as semanas que apresentaram mais casos foram a 10ª (1.664) e 11ª (1.637); para Zika foi a SE 9 (232) e para Febre do Oropouche a SE 17 (117). A ocorrência simultânea das arboviroses na Bahia evidencia a necessidade de estratégias integradas de vigilância e controle vetorial e uma abordagem multidisciplinar. Essa constatação ganha ainda mais força ao considerar-se o conceito de “Saúde Única”, que se refere a uma abordagem integrada que reconhece a conexão entre a saúde humana, animal, vegetal e ambiental para fornecer soluções de maneira mais abrangente e efetiva para enfrentar as emergências sanitárias.

Palavras Chave

Arbovírus emergentes; Saúde Única; Emergência em Saúde Pública