Dados do Trabalho
Título
Avaliação do tropismo de Oropouche orthobunyavirus em Aedes aegypti
Introdução
O Oropouche orthobunyavirus (OROV), identificado pela primeira vez em 1955, é um importante agente causador de surtos de febre Oropouche na região Amazônica. No entanto, nos últimos anos estamos observando a dispersão deste arbovírus para outras regiões. Fatores como mudanças climáticas, desmatamento, fluxo de pessoas entre países, falta de vacinas e tratamentos eficazes, resistência a inseticidas e falhas no controle de vetores contribuem para que arbovírus possam emergir ou reemergir, causando epidemias. O principal vetor conhecido para o Oropouche orthobunyavirus é o Culicoides paraensis, popularmente chamado de maruim ou mosquito pólvora. Enquanto preguiças e primatas não humanos atuam como hospedeiros no ciclo silvestre, os humanos assumem este papel no ciclo urbano.
Objetivo (s)
Sabendo que o mosquito Aedes aegypti é um vetor competente para diversos arbovírus, este estudo tem como objetivo avaliar o tropismo de Oropouche orthobunyavirus para este culicídeo.
Material e Métodos
Fêmeas de Aedes aegypti com 5 dias de vida foram submetidas a infecção sistêmica (injeção intratorácica) com Oropouche orthobunyavirus. Aos 1, 3, 5 e 7 dias pós infecção (dpi), foram dissecadas e submetidas a protocolo utilizando anticorpo contra OROV, para posteiror visualização em microscopia de fluorescência confocal. Foi utilizado anticorpo secundário anti-camundongo Alexa Fluor 488nm. Para marcação de actina foi utilizado Faloidina-rodamina (TRITC 565 nm) e para núcleo Hoechst 33342. As imagens foram adquiridas em microscópio Laser Confocal Nikon C2 + (Nikon Healthcare, Tóquio, Japão), utilizando objetivas de 4x, 10x e 40x. As imagens foram processadas no software ImajeJ v.1.53.
Resultados e Conclusão
Os resultados demonstram que em 1 e 3 dpi houve pouca ou nenhuma visualização de focos de infecção. No entanto aos 5 dpi o músculo e intestino aparecem infectados. Aos 7 dpi há uma diminuição do foco infeccioso, demonstrando um possível controle da infecção viral pelo mosquito, o que poderia indicar uma atuação do sistema imune. Em relação aos demais tecidos analisados, como túbulos de malpighi e ovários, não foi observada presença de infecção. Estes achados demonstram que, embora Aedes aegypti não seja um vetor competente para a transmissão de OROV, é necessário estar atento a uma possível adaptação deste vírus ao vetor, que poderia culminar em epidemias, uma vez que em alguns tecidos deste culicídeo é possível verificar a replicação de OROV.
Palavras Chave
Oropouche; Aedes aegypti; Microscopia; Arbovirose
Área
Eixo 08 | Arboviroses humanas e veterinárias
Autores
Silvana Faria de Mendonça, Álvaro Gil Araújo Ferreira, Luciano Andrade Moreira