Dados do Trabalho
Título
Caracterização epidemiológica dos primeiros casos de febre do Oropouche no estado do Ceará, 2024
Introdução
Em 2024 foram registrados os primeiros casos no Ceará, na região do Maciço do Baturité, resquício do bioma de mata atlântica neste estado, representando um evento atípico.
Objetivo (s)
Descrever as características sociodemográficas, clínico-epidemiológicas e ambientais dos primeiros 96 casos de febre de Oropouche ocorridos em 2024 no Ceará
Material e Métodos
Realizado estudo descritivo dos casos de FO confirmados no Ceará. Os dados são do SINAN e coletados pelo boletim epidemiológico da Secretaria da Saúde do Estado do Ceará. Foram analisadas as variáveis idade, sexo, sinais e sintomas e características ambientais dos prováveis locais de infecção. Os dados foram organizados e processados no software Excel. O programa QGIS® 3.36.1 foi utilizado para a construção dos mapas.
Resultados e Conclusão
Entre as semanas epidemiológicas (SE) 21 e SE 30, o vírus oropouche (OROV) foi detectado em 96 amostras, com pico dos casos (82,3%; 79/96) nas SE 27 a 29. Destes, 57,3% (55/96) eram do sexo masculino. A mediana de idade foi de 40 anos (mínimo:11; máximo: 79 anos); o primeiro quartil (Q1) foi de 30 anos e o terceiro (Q3) foi de 52,2 anos. Três gestantes foram diagnosticadas, sem agravamento clínico. Os principais sinais e sintomas relatados foram febre (80,2%), mialgia (77,1%) e cefaleia (75,0%). Nenhum dos pacientes apresentou histórico de viagem para áreas endêmicas e 93,8% (90/96) residiam na zona rural. Os residentes em zona urbana têm histórico de deslocamento para as áreas rurais. As características do ambiente observadas na região incluem vales ou áreas baixas com água corrente; plantações que geram sombreado e matéria orgânica, como culturas de banana e chuchu; residências localizadas próximas da área de cultivo e a presença do vetor Culicoides spp. Todos os casos detectados tiveram como local provável de infecção a zona rural dos municípios da região do Maciço do Baturité (Pacoti: 28 casos, Mulungu: 26 casos, Aratuba: 22 casos, Redenção: 17 casos e Palmácia: 3 casos). A proximidade entre a área com presença do vetor e os locais de habitação humana consistem em um fator de risco importante para a infecção pelo OROV. A região do Maciço de Baturité dispõe de elementos climáticos e ambientais favoráveis à manutenção do ciclo de transmissão da doença. Destaca-se a necessidade de intensificar a vigilância para a detecção oportuna de novos casos, bem como a investigação de infecções pregressas. Para isso há de ser realizado um manejo adequado e orientação oportuna à população em risco sobre as medidas de prevenção e controle.
Palavras Chave
Febre do Oropouche; Arbovirose; Vigilância Epidemiológica; Ceará; Saúde Pública; Culicoides paraensis
Área
Eixo 08 | Arboviroses humanas e veterinárias
Autores
Ana Maria Peixoto Cabral Maia, Kamilla Carneiro Alves Marques, Carlos Garcia Filho, Mariana Prado do Amaral, Antonio Silva Lima Neto, Rebeca de Souza Oliveira, José Antonio Pereira Barreto, Osmar José do Nascimento, Killiana Nogueira Farias Da Escóssia, Luiz Osvaldo Rodrigues da Silva, Carlos Henrique Alencar