Dados do Trabalho

Título

Segurança da vacina BCG após nova troca da cepa utilizada no Brasil

Introdução

A vacina Bacillus Calmette-Guérin (BCG), originada da bactéria Mycobacterium bovis, é utilizada desde 1921 para prevenir a tuberculose (TB). Os eventos adversos associados à vacina BCG são decorrentes da cepa utilizada, da quantidade de bacilos atenuados administrados, da técnica de aplicação ou da imunidade do indivíduo. Em 2018, o Brasil substituiu a cepa brasileira Moreau, a qual é vem sendo descrita como uma das mais imunogênicas e com menores taxas de efeitos adversos, pela vacina indiana com a cepa Moscow, descrita como mais reatogênica.

Objetivo (s)

Descrever as principais características dos eventos adversos à vacina BCG no Brasil no período de 2012 a 2021 e avaliar se houve aumento dos casos após a mudança da cepa vacinal.

Material e Métodos

Estudo analítico-observacional retrospectivo com corte transversal realizado com dados secundários, obtidos no Sistema de Notificação e Monitoramento dos casos de Eventos Adversos Pós-Vacinação do Ministério da Saúde do Brasil. Foram incluídos os dados de todas as crianças de 0 a 5 anos incompletos que receberam a vacina BCG e apresentaram eventos notificados como secundários à vacina BCG, no período de 2012 a 2021. Considerou-se evento adverso secundário à vacina as lesões descritas pelo Manual de Vigilância Epidemiológica de Eventos Adversos Pós-vacinação do MS-Brasil. O trabalho foi aprovado pelo CEP da instituição (CAAE:66479123.4.0000.0096).

Resultados e Conclusão

Foram analisadas 5.811 notificações; 49,4% eram de sexo feminino; 97,6% com menos de um ano de vida; 88,7% foram associados a cepa brasileira Moreau, com uma diminuição de 16,5% de eventos nos dois anos seguintes após a introdução da cepa Moscow. A incidência de eventos nos dois anos antes da troca era de 0,42/1000 e decresceu para de 0,36/1000 doses aplicada; em 4,8% a via de aplicação foi inadequada; 3% eram casos de revacinação pela BCG; 98,9% eram reações locorregionais; 60,4% realizaram tratamento; 0,1% foram a óbito. Os dados do Sistema de Notificação do Ministério da Saúde não caracterizavam o perfil desses pacientes quanto à presença de alguma doença de base ou algum tipo de imunodeficiência, o que impede o estudo de explorar melhor esses resultados. A maioria dos eventos adversos restringiu-se a manifestações locorregionais, com necessidade de tratamento, boa evolução e ocorreu uma diminuição dos eventos adversos associados à BCG após a introdução da cepa russa (Moscow), demonstrando a segurança desta vacina.  

Palavras Chave

Evento adverso; Tuberculose; Prevenção; Vigilância Epidemiológica