Dados do Trabalho
Título
Estudo de coorte retrospectiva em assentamento rural afetado pelo Vírus da Febre do Nilo Ocidental – Tocantins, Brasil, 2023.
Introdução
A Febre do Nilo Ocidental (FNO) é uma arbovirose causada pelo Vírus do Nilo Ocidental, que pode ocasionar distúrbios neurológicos graves. Em maio (2023), foi notificado ao Ministério da Saúde (MS) o primeiro caso humano de encefalite viral aguda por FNO confirmado no estado do Tocantins, residente de um assentamento rural do município de Caseara. Foi realizada investigação epidemiológica na área do assentamento, considerado Local Provável de Infecção (LPI), em ação integrada do MS, Secretaria Estadual de Saúde de Tocantins e Secretaria Municipal de Saúde de Caseara.
Objetivo (s)
Descrever os achados da investigação do surto de FNO no assentamento considerado LPI, buscar novos casos e avaliar possíveis fatores de risco e/ou associados a doença.
Material e Métodos
Foi realizado um estudo de coorte retrospectiva no período de abril a junho. Foi considerado critério de inclusão: indivíduos residentes ou visitantes que permaneceram predominantemente no assentamento nos 60 dias anteriores a entrevista. Foi realizada coleta de sangue/soro, para o teste RT-qPCR e pesquisa de anticorpos contra a FNO. A medida de associação foi risco relativo, com intervalo de confiança de 95%. Estudo aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa (Número do Parecer: 6.808.131).
Resultados e Conclusão
Foram registrados dois casos de encefalite viral aguda de FNO, sendo um confirmado por RT-qPCR e outro considerado provável pelos aspectos clínico-epidemiológicos. Foram entrevistados 164 (81%) dos 198 residentes. A diferença proporcional entre os sexos foi baixa (feminino=51,8%). A mediana de idade foi 41 anos (dois meses–79 anos). As características encontradas no LPI foram: área rural, mista de agricultura e pecuária com áreas de mata, lagos e rios. Os hábitos de maior exposição a vetores foram adentrar matas 48,2% (79/164) e frequentar coleções hídricas 64,6% (106/164). Foram coletadas amostras de 147 (74,2%) dos 198 residentes, dos quais dois (1,4%) apresentaram resultado reagente (ELISA IgM), e quatro (2,7%) reações positivas anti-Flavivírus não especificados (Inibição da Hemaglutinação). Nenhuma associação entre as características individuais e possíveis exposições foram identificadas. A incidência da FNO foi baixa, ainda que tenham sido registrados dois casos de encefalite. A ausência de associações entre fatores de risco e exposição pode ter sido influenciada pelo baixo número de casos identificados. Recomenda-se manter o alerta e sensibilização da rede de vigilância, incluindo análises laboratoriais, visando detecção e resposta oportunas.
Palavras Chave
Vírus do Nilo Ocidental; Encefalite Viral; Arbovirus; Flavivírus
Área
Eixo 17 | 2.Vigilância em saúde - Investigação de Surtos
Autores
Dara Romanha Hofmann, Adriano Ferreira Martins, Camile de Moraes, Christiane Bueno Hundertmarck, Anderson Marques Pinto Bandeira, Marcos Timóteo Torres, Arlete Lopes da Cunha Otoni, Débora Oliveira Bicalho Maia, Daniel Garkauskas Ramos, Alessandro Pecego Martins Romano