Dados do Trabalho
Título
Mortalidade e letalidade por acidentes ofídicos no Brasil: tendências e estratégia de enfrentamento
Introdução
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), picadas de serpentes causam anualmente a morte de aproximadamente 81 mil a 138 mil pessoas. O Brasil assumiu o compromisso com a OMS de reduzir a mortalidade e a incapacidade causada por picadas de serpentes em 50% até 2030.
Objetivo (s)
Avaliar as taxas de mortalidade (TM) e letalidade (TL) por acidentes ofídicos no Brasil.
Material e Métodos
Trata-se de um estudo ecológico com dados de casos notificados no Sistema Nacional de Informações de Agravos de Notificação (Sinan; 2007-2022) e óbitos registrados no Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM; 2000-2022), relacionados ao contato com serpentes e lagartos venenosos (CID X20) e ao efeito tóxico de veneno de serpentes (CID T63.0). As TM foram calculadas pelo número de óbitos/população sob risco, vezes 1 milhão. As TL foram estimadas pelo número de óbitos/casos notificados, vezes mil. Ambas foram estratificadas por ano e Regiões do Brasil e padronizadas pela idade (Censo 2010). A análise da tendência utilizou regressão de Prais-Winsten (p<0,05).
Resultados e Conclusão
No Brasil, 469.661 casos de acidentes ofídicos foram notificados entre 2007 e 2022. Entre 2000 e 2022, 2.390 óbitos foram registrados tendo como causa básica o CID X20. A TM variou de 0,72/1 milhão hab. (2003) a 0,33/1 milhão hab. (2018), com tendência decrescente entre 2000 e 2018, reduzindo 3% ao ano, em média (Taxa Incremental Média Anual [TIMA]:-3,02%; IC95%:-4,17%;1,86%; p<0,001). Com o aumento dos óbitos a partir de 2019, a tendência da TM passou a ser estacionária até 2022 (TIMA:-1,45%; IC95%:-3,01%;0,14%; p=0,129). Em relação às Regiões, a tendência da TM apresenta-se decrescente no Nordeste (p=0,044) e no Sudeste (p=0,043), reduzindo 2% a cada ano, em média. Nas demais, a TM seria estacionária (p>0,05). No Brasil, a TL variou de 2,4 óbitos/mil casos (2018) a 5,0 óbitos/mil casos (2021), com tendência estacionária de 2007 a 2022 (TIMA:1,03%; IC95%:-0,92%;3,02%; p=0,282). As maiores TL foram observadas nas Regiões Centro-Oeste (6,4 óbitos/mil casos) e Nordeste (6,3 óbitos/mil casos). Com tendências estacionárias das TM e TL por acidentes ofídicos na maior parte do Brasil, o País enfrentará um grande desafio para cumprir a meta pactuada com a OMS. Um recurso essencial para auxiliar no alcance desta meta é a elaboração de um Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) para acidentes ofídicos, alinhado aos objetivos estratégicos da OMS.
Palavras Chave
Acidentes ofídicos; Mordeduras de Serpentes; Registros de Mortalidade
Área
Eixo 03 | Acidentes por animais peçonhentos
Autores
Bruna Bento dos Santos, Ana Laura de Sene Amâncio Zara, Adriane Lopes Medeiros Simone, Stéfani Sousa Borges, Thais Pinheiro da Costa, Marta da Cunha Lobo Souto Maior , Camila Francisca Tavares Chacarolli, Juliana Cordeiro Dias Rodrigues, Daniela Oliveira de Melo