Dados do Trabalho

Título

Investigação de Coagulopatias em Acidentes Ofídicos no SUS: Divergências entre Práticas Clínicas e Recomendações

Introdução

Os acidentes ofídicos de importância clínica no Brasil são classificados em botrópicos, crotálicos, laquéticos e elapídicos, causados pelas serpentes jararaca, cascavel, surucucu-pico-de-jaca e coral-verdadeira, respectivamente. Exceto para a família Elapidae, esses acidentes podem causar distúrbios de coagulação que precisam ser investigados para evitar desfechos clínicos desfavoráveis.

Objetivo (s)

Comparar as práticas de investigação de coagulopatias decorrentes de acidentes ofídicos no Sistema Único de Saúde (SUS) com orientações do Ministério da Saúde (MS) e opiniões de especialistas clínicos.  

Material e Métodos

Estudo qualitativo que compara os métodos diagnósticos laboratoriais na investigação de distúrbios de coagulação em acidentes ofídicos no SUS com recomendações do MS e de especialistas clínicos. As recomendações do MS foram extraídas do “Manual de diagnóstico e tratamento de acidentes por animais peçonhentos”, de 2001. Um painel de especialistas clínicos foi consultado sobre os exames considerados adequados na prática clínica. Dados do Sistema de Informações Ambulatoriais do SUS (SIA-SUS), sobre procedimentos diagnósticos para casos de contato com serpentes e lagartos venenosos (CID X20) e de efeito tóxico de veneno de serpentes (CID T63.0), foram coletados de 2008 a 2022.  

Resultados e Conclusão

Foram registrados 3.326 exames laboratoriais no SIA-SUS: 330 (9,9%) hemogramas completos, 324 (9,7%) determinações de tempo e atividade da protrombina (TAP), 291 (8,7%) determinações de tempo de tromboplastina parcial ativada (TTP ativada), 80 (2,4%) determinações de tempo de coagulação (TC) e 65 (1,9%) contagens de plaquetas. O MS recomenda apenas TC e hemograma, enquanto os especialistas sugerem TC, TAP, TTP ativada e dosagem de fibrinogênio. No SUS as práticas de investigação de distúrbios de coagulação em acidentes ofídicos divergem das recomendações do MS, mas reproduzem as opiniões de especialistas clínicos. Isso sugere a necessidade de revisão das recomendações do MS, atualizando-as conforme a evidência disponível e a viabilidade dos recursos, mesmo que o início de tratamento não dependa da realização de todos os exames.

Palavras Chave

Acidentes ofídicos; Mordeduras de Serpentes; Coagulopatias