Dados do Trabalho
Título
ANÁLISE COMPARATIVA DOS CASOS DE LEISHMANIOSE VISCERAL ENTRE OS ESTADOS DA REGIÃO NORTE E NORDESTE DE 2014 A 2022
Introdução
A Leishmaniose Visceral (LV) é uma doença infectoparasitária causada pelo protozoário Leishmania chagasi - entre outras espécies - invasor do sistema fagocítico mononuclear. Nas zonas urbanas e silvestres os reservatórios prevalentes são o cão doméstico (Canis familiaris) e as raposas (Dusicyon vetulus e Cerdocyon thous), respectivamente, que transmitem a doença aos seres humanos através dos insetos vetores da espécie Lutzomyia sp. No Brasil a LV iniciou-se em ambiente rural, porém expandiu-se às áreas urbanas e periurbanas. Entre 1984 e 2002 notificaram-se 48.455 casos sendo 66% deles em Estados da região Nordeste.
Objetivo (s)
Comparar os casos confirmados de Leishmaniose Visceral entre as regiões Norte e Nordeste do Brasil.
Material e Métodos
Trata-se de um estudo descritivo e quantitativo, com base nos dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN). As variáveis analisadas foram o quantitativo de casos nacionais, casos/região (Norte e Nordeste) e casos/estado entre janeiro de 2014 e dezembro de 2022. As variáveis foram dispostas e analisadas por estatística descritiva no software Microsoft Office Excel 2016.
Resultados e Conclusão
Foram notificados 28.001 casos nacionais entre 2014 e 2022 com maior predominância na região Nordeste tendo 15.799 (56,4%) seguida da região Norte com 4.772 (17%). Entre os estados do Nordeste o Maranhão possui 4.436 casos - maior ocorrência na região seguido de Ceará (3.300); Bahia (2.447) e Piauí (2.037). Já na região Norte o Pará carrega 2.837 casos (59,4%) - sendo o estado com mais casos de LV do Norte - seguido do Tocantins (1.718) e Roraima (205). Durante o período analisado o Acre não contabilizou casos notificados no SINAN. A expansão da LV de áreas rurais para urbanas e periurbanas, conforme observado, indica uma mudança no perfil epidemiológico da doença, sugerindo que fatores como urbanização, mudanças ambientais e a interação entre reservatórios domésticos e selvagens podem estar contribuindo para essa disseminação. A ausência de casos no Acre durante o período analisado também merece atenção, sendo o possível reflexo de uma subnotificação. Ressalta-se a necessidade de intervenções coordenadas no controle de vetores e na gestão de reservatórios animais, além de estratégias educacionais voltadas para a população. A continuidade dos esforços em pesquisa e saúde pública é essencial para reverter o avanço da LV e mitigar seu impacto, especialmente nas regiões mais afetadas.
Palavras Chave
Leishmaniose visceral: doença negligenciada; infectologia; Epidemiologia; Amazônia^
Área
Eixo 06 | 2.Protozooses humanas e veterinárias - Leishmaniose
Autores
Vanessa Kemilly Gomes Lima, Ícaro Breno Rodrigues da Silva, Luan Moraes Ferreira, Maurício Castro dos Santos