Dados do Trabalho
Título
Análise epidemiológica dos casos de tuberculose em indivíduos HIV positivos e negativos: estudo ecológico
Introdução
Segundo o boletim epidemiológico da OMS, em 2022, a tuberculose (TB) causou globalmente 1,30 milhão de mortes, incluindo 167.000 óbitos por TB entre pessoas vivendo com HIV/AIDS. O Brasil está entre os 30 países de alta carga para TB e TB-HIV priorizados pela OMS para o controle da doença no mundo. A literatura identifica a coinfecção por HIV um fator importante para piores prognósticos.
Objetivo (s)
Analisar os casos de coinfecção entre tuberculose e HIV no Brasil.
Material e Métodos
Estudo ecológico analítico realizado por meio do Sistema de Informação de Agravos de Notificação através da plataforma DATASUS no período de 2013 a 2023. A população deste estudo foram indivíduos brasileiros HIV positivos e negativos na faixa etária de 20 a 64 anos. Os dados coletados foram os desfechos de tratamento (cura, abandono, óbito por tuberculose, óbito por outras causas, tuberculose drogarresistente, mudança de esquema de tratamento e falência). As seguintes análises estatísticas foram realizadas: testes de qui-quadrado para examinar a associação entre a frequência de cada desfecho de tratamento e a coinfecção por HIV. As razões de chances (OR) e intervalos de 95% de confiança (IC95%), com valor de significância de 0,05. Submissão ao Comitê de Ética em Pesquisa não se aplica.
Resultados e Conclusão
Houve associação significativa para todos os desfechos, exceto para a falência do tratamento. Os pacientes coinfectados por HIV apresentaram menor chance de cura (OR = 0,28; p < 0,0001), maior chance de abandono do tratamento (OR = 1,73; p < 0,0001), óbito por TB (OR = 1,30; p < 0,0001), óbito por outras causas (OR = 11,16; p < 0,0001), TB resistente a drogas (OR = 1,33; p < 0,0001) e mudança de esquema de tratamento (OR = 3,41; p < 0,0001). A falência do tratamento não apresentou associação significativa (p = 0,4291; OR = 1,11). Conclui-se, então, que o presente estudo converge com a literatura no frequente abandono do tratamento por pacientes coinfectados por TB e HIV, atribuído à falta de métodos eficientes para o diagnóstico dessa população e tratamento tardio. Contudo, a análise estatística não mostrou associação significativa entre a coinfecção por HIV e a falência do tratamento, que outros estudos encontraram. A discrepância pode ser explicada por diferenças metodológicas e de amostragem. Limitações do estudo incluem possível imprecisão de dados e impossibilidade de estabelecer causalidade entre as variáveis.
Palavras Chave
Brasil; Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV); Adultos; Tuberculose; Tratamento Farmacológico
Área
Eixo 13 | Tuberculose e outras Microbactérias humanas e veterinárias
Autores
Daniel Luiz Dias Amorim, Rafael Carvalho Machado Filho, Daniela Miranda Grotta, Amanda Fortes Cavalcante Oliveira, Andréia de Amorim