Dados do Trabalho
Título
Áreas de risco zoonótico para Mycobacterium leprae no Brasil
Introdução
A interação entre humanos e animais silvestres pode contribuir para a dispersão e persistência de doenças como a hanseníase, uma infecção negligenciada causada pelas bactérias Mycobacterium leprae e M. lepromatosis. Nas Américas, Dasypus novemcinctus e Euphractus sexcinctus, são reservatórios naturais de M. leprae. Embora a presença de M. leprae em tatus já tenha sido documentada, a avaliação das condições ambientais da hanseníase atribuída à transmissão zoonótica tem sido pouco explorada. Modelos de nicho ecológico (MNE) são usados para determinar possíveis distribuições geográficas e identificar áreas com condições ambientais favoráveis para a sobrevivência das espécies, auxiliando na compreensão do papel dos reservatórios silvestres na distribuição de doenças zoonóticas.
Objetivo (s)
Indicar áreas com condições ambientais favoráveis para a hanseníase, como proxy da presença de M. leprae e de seus reservatórios zoonóticos no Brasil.
Material e Métodos
Dados de ocorrência para D. novemcinctus e E. sexcinctus, assim como dos casos de hanseníase entre 2001 e 2022 no Brasil foram consultados. Os estabelecimentos de saúde onde os casos foram diagnosticados foram georreferenciados e usados como proxy da presença de M. leprae. Foram obtidas 15 variáveis climáticas de temperatura e precipitação para os períodos 1980, 1990 e 2000. Os preditores ambientais foram divididos considerando os três períodos e o ano 2000, em três grupos: todas as variáveis (I); somente temperaturas (II); e somente precipitações (III). Para cada grupo foram elaboradas análises de componentes principais. Para cada espécie, período e grupo de preditores foram construídos MNE. A sobreposição ambiental e geográfica foi avaliada entre os reservatórios e M. leprae usando elipsóides de volume mínimo.
Resultados e Conclusão
As regiões que apresentaram condições ambientais adequadas para M. leprae foram: Nordeste, Sudeste e Centro-Oeste. Para D. novemcinctus, foram o Sudeste e Nordeste e, para E. sexcinctus, foram o Centro-Oeste, Sudeste e Sul do país. A sobreposição ambiental foi significativa entre o modelo de nicho de D. novemcinctus e M. leprae, usando os grupos I e II de preditores ambientais. No entanto, E. sexcinctus não apresentou similaridades ambientais significativas com o patógeno. Nosso estudo indica que o nicho ecológico de D. novemcinctus e M. leprae são compartilhados. Explorações ecológicas baseadas em MNE, incluindo diferentes parâmetros, preditores e espécies susceptíveis à infecção desde uma perspectiva de saúde única, são necessárias.
Palavras Chave
Sobreposição ambiental; distribuição geográfica potencial; modelos de nicho ecológico; reservatórios zoonóticos; Dasypus novemcinctus; Euphractus sexcinctus
Área
Eixo 14 | Zoonoses e Saúde Única
Prêmio Jovem Pesquisador
3.Concorrer na categoria - Doutorado
Autores
Miriam Reyes-Ortiz, Daniel Jiménez-García, Maria Rita Donalisio, Roberta Marques