Dados do Trabalho

Título

Avaliação sorológica de Bartonella henselae e fatores de risco em doadores de sangue no Mato Grosso do Sul, Brasil

Introdução

Bartonella henselae é uma bactéria Gram-negativa, intracelular facultativa responsável por causar doenças zoonóticas mundialmente. A infecção pode apresentar-se desde quadros assintomáticos a bacteremias potencialmente fatais em indivíduos imunodeficientes. A transmissão ocorre por lesões na pele (arranhaduras ou mordeduras) de animais contaminados, vetores artrópodes hematófagos e por transfusão sanguínea, uma vez que Bartonella spp. infectam eritrócitos permanecendo viáveis até 35 dias em bolsas de sangue armazenadas a 4°C.

Objetivo (s)

Analisar a soroprevalência de B. henselae e fatores de risco em doadores de sangue no estado de Mato Grosso do Sul, Brasil.

Material e Métodos

Trata-se de um estudo epidemiológico, descritivo e transversal, submetido e aprovado pela Comissão de ética para pesquisa (CEP) da Fiocruz Brasília (Nº 5.746.612). A coleta das amostras ocorreu por amostragem de conveniência, no mês de maio do ano de 2023, onde após assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), no momento da doação, o voluntário forneceu amostra de sangue e um questionário contendo informações demográfica e epidemiológica relevante para o estudo foi aplicado. Foram coletadas 345 amostras e o soro humano obtivo após centrifugação foi analisado quanto a presença de anticorpos IgG por Reação de Imunofluorescência indireta (RIFI), utilizando o kit comercial IgG anti-Bartonella henselae (EUROIMMUN, BRASIL). A análise dos dados dos participantes foi realizada utilizando o software Epi Info™.

Resultados e Conclusão

Das 345 amostras de soro de doadores de sangue analisadas, 59 (17,10%) apresentaram resultado reagente para IgG anti B.henselae com título ≥ 32. Dentre os sororeagentes, 42 (71,18%) são homens e 17 (28,81%) mulheres com idade entre 18 e 65 anos (média de 39,44 anos), residentes do município de Campo Grande (56/94,91%), seguido por Terenos (2/3,38%) e Jaraguari (1/1,69%). Houve associação de infecção quando avaliado: contato com cães e gatos; eventos traumáticos (mordidas ou arranhões) de animais e picadas de insetos (pulgas, piolhos ou carrapatos).Diante do exposto, concluímos que os doadores de sangue em Mato Grosso do Sul apresentam anticorpos IgG anti-B.henselae, indicando contato prévio dessa população com o patógeno. Isso destaca a necessidade de incluir testes para detecção de Bartonella spp. nos exames de triagem de bancos de sangue, para reduzir o risco de transmissão aos receptores.

Palavras Chave

Bartonella spp; Doença da arranhadura do gato; Epidemiologia; Segurança transfusional; Zoonoses