Dados do Trabalho
Título
Estudo de vigilância da resistência antimicrobiana em clones de alto risco de Acinetobacter baumannii no estado de São Paulo (2020-2024)
Introdução
No Brasil, a disseminação de Acinetobacter baumannii resistente aos carbapenêmicos está associada a presença de determinados clones de alto risco.
Objetivo (s)
O objetivo deste trabalho é trazer um panorama geral da circulação das principais carbapenemases e clones de A. baumannii em 14 municípios do estado de São Paulo, enviados por demanda espontânea ao Instituto Adolfo Lutz nos anos de 2020 a 2024.
Material e Métodos
Os isolados foram identificados por MALDI-TOF, PCR para blaOXA-51 e complexo clonal (m3LST). A detecção das carbapenemases foi realizada por PCR convencional e a resistência à polimixina B por microdiluição em caldo.
Resultados e Conclusão
Foram identificados 1.277 isolados de A. baumannii dos quais o complexo clonal (CC) de maior frequência foi o CC2 (33,6%), seguido pelos CC79 (25,4%), CC1 (23,3), CC15 (7,4%), e CC25 (3,1%). Pelo método de PCR (m3LST) 7,2% dos isolados foram inconclusivos quanto ao CC, observando-se uma crescente na frequência ao longo dos anos (2-14%). A taxa de detecção do gene blaOXA-23 foi de 79,8% com alta taxa de distribuição (>85%) em praticamente todos os clones, ocorrendo 100% de correlação com o CC2, único em que foi detectada co-produção com blaNDM em 6,1% (26/429) dos isolados. As taxas anuais deste clone, variaram de 27-45%. A taxa de detecção de blaOXA-24/40 foi de 22,3%, no qual o CC79 foi responsável por 73,5% do carreamento deste gene. Foram detectados isolados co-produtores das carbapenemases OXA-23 e OXA-24, nos CC15 (13,7%), CC25 (10%) e CC1 (5,1%). Entre os anos de 2020 e 2022 as taxas de isolados resistentes à polimixina B (MIC≥4,0mg/L) mantiveram-se abaixo de 3%, sendo o CC79 responsável por 71,4% dos casos. Já em 2023, houve aumento da resistência a este antimicrobiano com taxa de 7,9%, predominante em isolados do CC1 (73,3%). Neste estudo, verificou-se a alta prevalência de blaOXA-23 em isolados do estado de São Paulo, e a detecção do CC2, devido à ocorrência de surtos em unidades de assistência à saúde no período da pandemia de COVID-19, clone que até 2020 não havia detecção no estado. A ocorrência de isolados com dupla produção de carbapenemases e cepas resistentes à polimixina B, representam um alerta à capacidade de determinados clones para adquirir resistências, principalmente de cepas cujos tratamentos já são muito limitados. O monitoramento de patógenos críticos, pós-pandemia deve continuar para resultados mais completos sobre a disseminação das resistências aos carbapenêmicos e mudanças epidemiológicas de clones de A. baumannii no estado.
Palavras Chave
Carbapenemases; Clones de alto risco; Complexo Clonal; Polimixina B; Resistência antimicrobiana.
Área
Eixo 17 | 4.Vigilância em saúde - Outras
Prêmio Jovem Pesquisador
4.Não desejo concorrer
Autores
Amanda Yaeko Yamada, Andréia Rodrigues Souza, Daniel Sena Miranda, Pedro Smith Pereira Ferraro, Monique Ribeiro Tiba-Casas, Carlos Henrique Camargo