Dados do Trabalho

Título

ANÁLISE DESCRITIVA DA LEPTOSPIROSE NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO ENTRE 2001 E 2023

Introdução

A leptospirose é uma zoonose causada por bactérias Leptospira, transmitidas principalmente pela urina de roedores. Associa-se a condições precárias de moradia e saneamento, precipitação pluviométrica e alagamentos. Acarreta considerável morbidade e apresenta relevante letalidade.

Objetivo (s)

Avaliar a endemia de leptospirose no estado do Rio de Janeiro RJ entre 2001 e 2023.

Material e Métodos

Trata-se de um estudo retrospectivo observacional utilizando dados das notificações ao Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) dos casos confirmados de leptospirose no estado do RJ de 2001 a 2023, fornecidos pela SES-RJ. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, Fundação Oswaldo Cruz., parecer nº: 6.120.326.

Resultados e Conclusão

No período estudado foram confirmados 5.134 casos de leptospirose no RJ (média 223 casos/ano). A doença predominou entre 20 e 59 anos (70,58%) e no sexo masculino (81,18%). Os casos estão concentrados em ambiente urbano (85,64%). A exposição a riscos foi relatada em pessoas que tiveram contato direto ou indireto com roedores (52,43%), com lama ou água de enchente (41,82%) e com lixo ou entulho (20,61%). Nas manifestações clínicas, prevaleceram sintomas clássicos como febre (85,18%), mialgia (78,05%) e cefaleia (59,00%). Sinais de gravidade como icterícia (61,61%), alterações renais (28,04%), alterações respiratórias (23,03%) e hemorragias (17,22%), podem explicar a elevada taxa de hospitalização (79,84%). Óbitos por leptospirose ocorreram em 17,57% dos casos e cura em 63,17% das notificações. Quanto a estratificação de incidência por município (casos/100.000 habitantes), 38,64% dos municípios têm muito baixa incidência (< 25), 38,64% baixa (25 a 50), 11,36% moderada (>50 a 75), 4,55% elevada (>75 a 100) e 6,82% muito elevada (>100). Destacam-se Porciúncula no Noroeste Fluminense (265 casos/100.000 hab.), seguido por Rio das Flores no Médio Paraíba (224 casos/100.000 hab.), e Petrópolis na região Metropolitana (122 casos/100.000 hab.). CONCLUSÕES: A análise descritiva dos casos de leptospirose no RJ permite inferir sobre a magnitude da endemia no estado. Assim, pode orientar as ações dos gestores públicos para prevenção e controle em áreas prioritárias e com grupos de maior risco, contribuindo para a alocação inteligente dos recursos humanos e materiais na saúde.

Palavras Chave

Leptospirose; Aspectos clínicos; epidemiologia.