Dados do Trabalho
Título
Raiva: explorando a conexão humana, animal e ambiental
Introdução
A raiva é uma doença infecciosa de caráter zoonótico e de notificação compulsória, causada pelo vírus da família Rhabdoviridae, gênero Lyssavirus (RABV). Acomete mamíferos causando encefalite aguda e progressiva, com letalidade de aproximadamente 100%. Mundialmente, estima-se que ocorra um óbito por Raiva a cada 15 minutos (WHO, 2014). Trata-se de uma doença negligenciada e comunidades vulneráveis têm maior risco de exposição à doença. Sabendo que alteração nos habitats de espécies silvestres influenciam na circulação de zoonoses, realizamos um estudo de casos notificados de Raiva nos últimos 23 anos no país.
Objetivo (s)
Analisar a ocorrência de casos de raiva ao longo do período especificado; Avaliar a eficácia das medidas de controle e prevenção da raiva, e discutir a relação entre a degradação ambiental e a transmissão da raiva;
Material e Métodos
Coletamos dados de raiva humana entre 2001 e 2023 notificados pelo SINAN. Considerou-se as variáveis epidemiológicas de região e unidade federada de infecção, zona de ocorrência, espécie envolvida e ano. Os tipos de transmissão de raiva foram divididos em ciclo rural e urbano de acordo com a zona de infecção. Eventos importantes ao longo dos anos foram considerados para discussão.
Resultados e Conclusão
Entre 2001 a 2023 foram registrados 184 casos de raiva humana no Brasil. 36,4% dos casos ocorreram no Norte, 50% no Nordeste, 3,2% no Centro-Oeste, 9,8% no Sudeste e 0,55% no Sul. As principais espécies transmissoras para humanos foram morcegos (54,3%), cães (34,2%), e primatas não humanos (4,9%). Cerca de 53,8% dos casos ocorreram em área rural, 25% em área urbana e 21,2% não informado. Houve redução de casos com alteração do perfil de transmissão de animais domésticos para transmissão por morcegos nos últimos 20 anos, graças ao Programa Nacional de Profilaxia da Raiva em animais domésticos no território brasileiro. Porém, mais casos envolvendo animais silvestres indicam aumento da proximidade entre estes e humanos, exemplificado pelos surtos em 2018 e 2022 em comunidades ribeirinhas na Amazônia e indígenas em MG, respectivamente, ambos relacionados à degradação ambiental. Em 2004, houve um grande surto no município de Portel, limite com Melgaço, associado a atividade madeireira na região, segundo relatório do Ibama. Observa-se, portanto, um evidente nexo causal entre alteração ambiental por ação antrópica e reemergência de doenças zoonóticas em populações negligenciadas.
Palavras Chave
raiva; degradação; zoonose; Epidemiologia
Área
Eixo 10 | 2.Outras viroses humanas e veterinárias - Raiva
Prêmio Jovem Pesquisador
1.Concorrer na categoria - Graduado
Autores
Raquel Gomes Catozo, Amanda Lopes Da Silva, Bruno Luiz Miranda Guedes, Caio Santos de Souza, Mariene Ribeiro Amorim, Aline de Moura Brasil Matos, Camila Malta Romano