Dados do Trabalho
Título
MAPEAMENTO DE CASOS DE DOENÇA DE CHAGAS AGUDA POR TRANSMISSÃO VETORIAL NO BRASIL APÓS A CERTIFICAÇÃO DE ÁREA LIVRE DE TRANSMISSÃO POR TRIATOMA INFESTANS.
Introdução
Em 2006, o Brasil foi certificado pela OPAS como área livre de transmissão de doença de Chagas (DC) por Triatoma infestans. Embora, a maior parte de casos de DC aguda ocorridos nos últimos anos no Brasil esteja relacionada com a ingestão de alimentos contaminados, a transmissão vetorial continua a ocorrer por vetores nativos.
Objetivo (s)
Este estudo tem o objetivo de mapear os casos de DC aguda por transmissão vetorial no Brasil após o período de certificação da eliminação da transmissão por T. infestans. Identificar regiões e municípios brasileiros vulneráveis e potenciais vetores envolvidos nas transmissões.
Material e Métodos
Casos agudos de DC no período de 2007 a 2020 foram obtidos do DATASUS/SINAN e classificados por suas formas de transmissão. Posteriormente foram selecionados os casos de transmissão vetorial para elaboração do mapeamento de acordo com os locais de ocorrência dos casos. Ademais, coletou-se informações nas bases de dados bibliográficos, PubMed e SciELO, sobre a transmissão vetorial nos estados e municípios de ocorrência dos casos agudos de DC.
Resultados e Conclusão
Entre 2007 e 2020 ocorreram 3.278 notificações de casos agudos de DC no Brasil, sendo 249 casos (7,59%) classificados como transmissão vetorial. Houve predomínio na Região Norte 207 casos (83,13%); 15 no Nordeste e 12 no Centro-Oeste. Majoritariamente as notificações situaram-se no Pará, 155 casos (62,24%), 23 no Amazonas, 17 no Acre, 10 em Goiás, 9 no Maranhão, 6 no Tocantins e 3 em Rondônia. Os demais estados apresentaram dois, um ou nenhum caso. Em relação aos municípios com maior número de transmissões, no Pará se concentraram em Abaetetuba; no Amazonas, em Barcelos; no Acre, em Feijó, no Maranhão, em Turiaçu e em Goiás, em Simolândia. As pessoas mais acometidas foram a de cor parda (190 casos), brancas (33), pretas (13), indígenas (8) e amarelas (2). As notificações foram mais comuns em áreas rurais. Houve predomínio de adultos dos 20 a 39 anos e do sexo masculino (149 casos). Os vetores com maior risco potencial de transmissão foram o Rhodnius pictipes, R. robustus e R. brethesi. Embora a transmissão vetorial seja um evento pouco frequente, devemos considerar que apenas 10 a 15% dos casos agudos são sintomáticos, o que dificulta a identificação e contribui para a subnotificação. Mesmo após a eliminação da transmissão vetorial por T. infestans, casos agudos continuam a ocorrer. Os serviços de vigilância e assistência precisam estar alertas para identificar esses casos e para o risco de invasão e domiciliação por vetores nativos.
Palavras Chave
Doença de Chagas; Transmissão; Controle Vetorial.
Área
Eixo 06 | 1.Protozooses humanas e veterinárias - Doença de Chagas
Prêmio Jovem Pesquisador
4.Não desejo concorrer
Autores
Maria Célia Coelho Gonçalves Silva, Ana Carolina Alves Mendes, Luiz Henrique Conde Sangenis