Dados do Trabalho

Título

Tendencia temporal e impacto da COVID-19 na mortalidade por tuberculose segundo raça/cor no estado de São Paulo, Brasil, 2012-2022

Introdução

A tuberculose (TB) permanece como um importante desafio para a saúde pública no Brasil, especialmente no estado de São Paulo. A pandemia de COVID-19, trouxe desafios adicionais aos esforços de controle da TB, potencialmente exacerbando as disparidades existentes.

Objetivo (s)

Analisar as tendências e impacto da COVID-19 nas taxas de mortalidade por TB no estado de São Paulo, segundo raça/cor.

Material e Métodos

Estudo ecológico realizado no estado de São Paulo, utilizando todos os óbitos por tuberculose notificados no Sistema de Informação sobre Mortalidade de 2012 a 2022 que apresentaram TB como causa básica do óbito. Foram calculadas as taxas mensais de mortalidade por TB de acordo para raça/cor branca, preta e parda, optou-se por excluir a amarela e indígena por representarem menos de 1% do total de óbitos. Foi aplicada a técnica de detecção de quebras de estrutura e cálculo dos respectivos intervalos de confiança em 95%, afim de verificar se houveram mudanças estruturais nas séries temporais na série histórica e no período da pandemia. As tendências foram estimadas utilizando o método de decomposição Seasonal-Trend by Loess (STL). A partir das datas das quebras de estrutura as séries foram divididas em dois segmentos para os quais foram calculados o Average Monthly Percentage Change (AMPC), que mensura o quanto a serie cresce ou decresce, em média, ao longo do período.

Resultados e Conclusão

Foram notificados 10.319 óbitos por TB no período do estudo. A raça/cor preta apresentou a maior taxa de mortalidade anual de 3,37 óbitos/cem mil habitantes, seguido da população parda com 2,34 e brancos com 1,75 óbitos/cem mil habitantes. Foram observadas quebras de estrutura no período da pandemia para os três grupos, sendo em 10/2020 para raça/cor branca, 07/2020 para preta e 05/2021 para parda. Para os três grupos foram observadas tendências crescentes de óbitos, para ambos os períodos. Foram evidenciados aumentos nos valores do AMPC no período após a quebra de estrutura nos três grupos, sendo 2,45 para branca, 1,61 para preta e 2,36 para parda. Os resultados evidenciam a disparidade da carga de óbitos entre as categorias de raça/cor, com maior impacto sobre a população preta. Além disso, os achados evidenciam que a pandemia agravou uma tendência que já era crescente nos óbitos para todos os grupos, principalmente entre a pessoas pardas e brancas. São necessários mais estudos para aprofundar a compreensão do impacto da pandemia de COVID-19 nos segmentos sociais mais afetados pela TB.

Palavras Chave

Tuberculose; Saúde Pública; COVID-19; Time Series.