Dados do Trabalho


Título

Associação da farmacoterapia de imunossupressão com ocorrência de Citomegalovírus em receptores de transplante renal de um Hospital Universitário do Ceará

Introdução

O transplante renal é o mais frequente no Brasil e no mundo; em 2023, cerca de 6.139 transplantes foram realizados no país. Dentre os desafios enfrentados, tem-se a baixa adesão à farmacoterapia imunossupressora e a ocorrência de infecções oportunistas, o que podem levar à rejeição e ao óbito. O Citomegalovírus (CMV) é o patógeno oportunista mais associado com a disfunção do aloenxerto renal no primeiro ano pós-transplante, podendo estar relacionado com o esquema de imunossupressão utilizado. 

Objetivo (s)

O presente trabalho retrospectivo avaliou a associação da farmacoterapia imunossupressora com a ocorrência de CMV em pacientes receptores de transplante renal. 

Material e Métodos

Para tal, as avaliações foram feitas nos períodos 15, 30, 45, 90 e 180 dias pós-transplante do Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC). Entre março de 2019 a maio de 2022 foram analisados os prontuários de 155 pacientes receptores de aloenxerto de doadores falecidos. Foram coletados dados referentes a sexo, idade, sorologia pré-transplante para CMV de doador e receptor, viremia CMV, esquema de imunossupressão, creatinina sérica (CrS) e Taxa de Filtração Glomerular estimada (TFGe). O estudo possui aprovação do comitê de ética do HUWC sob nº 5.896.752. Foi adotado valor de p<0,05. 

Resultados e Conclusão

Dentre os pacientes, 41 (26,5%) eram do sexo feminino e 114 (73,5%) do sexo masculino, idade média de 49,59 ± 13,84 anos. Quatro pacientes (2,6%) eram negativos para CMV tanto para doador quanto para receptor (D-/R-), 127 (81,9%) eram D+/R+, 16 (10,3%) eram D-/R+ e 8 (5,2%) eram D+/R-. Em relação à farmacoterapia, 72 (46,5%) faziam uso de Tacrolimo (TAC) + Micofenolato (MDS) e 83 (53,5%) TAC + Sirolimo (SRL). Foi encontrado associação do sexo feminino 28 (38,9%) com o esquema TAC + MDS; e do sexo masculino 70 (84,3%) com TAC + SRL. Ademais, o esquema TAC + MDS esteve associado com a frequência de viremia acima de 5.000 cópias em 15, 30 e 45 dias, sobretudo no 30º dia. Já os níveis CrS TFGe não apresentaram diferença segundo o esquema de imunossupressão. A análise de regressão logística binária da interação entre o sexo feminino e o uso de TAC + MDS revelou aumento do risco de função retardada do enxerto em 2,7 vezes (OR = 2,7; IC95% = 1,17–6,22). Conclui-se que o sexo associado à farmacoterapia pode influenciar na função do aloenxerto e o uso de MDS pode ser um fator de risco para a ocorrência de CMV, sendo o período de 30 dias pós-transplante o mais crítico. Autores agradecem ao HUWC, CAPES e CNPq pelo suporte.

Palavras Chave

Micofenolato; Transplante; Infecções oportunistas.

Área

Eixo 10 | 4.Outras viroses humanas e veterinárias - Outras

Prêmio Jovem Pesquisador

4.Não desejo concorrer

Autores

Emanuel Paula Magalhães, Carlos Eduardo Pereira Lima, Mac Dionys Rodrigues da Costa, Bruna Ribeiro Duque, Alene Barros de Oliveira, Natasha Maria Lima Pinheiro, Francisco Janeto Dantas Lopes Filho, Diogo Thomas Ferreira de Lima, Jan Hesron Ferreira Emiliano, Emily Queiroz Lima, Tiago Lima Sampaio