Dados do Trabalho
Título
Tendência temporal e impacto da pandemia de COVID-19 na cobertura vacinal no Brasil (2014 – 2023)
Introdução
A imunização é reconhecida como uma das intervenções mais bem-sucedidas e custo-efetivas, todavia, uma preocupante redução na cobertura vacinal tem sido observada no Brasil.
Objetivo (s)
Traçar a série histórica dos últimos 10 anos da cobertura vacinal da vacina BCG, Hepatite B e pneumocócica conjugada 10-valente (Pneumo10) em crianças menores de 1 mês de idade no Brasil, estimar sua tendência temporal e verificar se a pandemia de COVID-19 causou impacto nesses índices.
Material e Métodos
Estudo ecológico conduzido no Brasil entre 2014 e 2023. Os dados referentes a vacinação foram obtidos do Sistema Nacional de Imunizações e a população foi através do DATASUS. O método Seasonal Trend Decomposition using Loess foi utilizado para estimar a tendência temporal e a série histórica mensal das coberturas vacinais, através do software RStudio. O método de autoregressão Prais-Winsten foi utilizado para classificar a tendência temporal das coberturas vacinais e, em seguida, o método de Série Temporal Interrompida (STI) foi utilizado para identificar se houve mudança imediata (quebra de nível) ou mudança progressiva nos índices de cobertura vacinal após a chegada do novo coronavírus no Brasil, com ponto de corte considerado sendo fevereiro de 2020.
Resultados e Conclusão
A tendência temporal da cobertura vacinal de BCG em menores de 30 dias de vida foi classificada como decrescente, com decréscimo de 0,43%/ano (IC95%=-0,66 a -0,19). As coberturas vacinais de Hepatite B e Pneumo10 também foram classificadas como decrescente, com um decréscimo de 0,49%/ano (IC95%=-0,81 a -0,16), e de 0,12%/ano (IC95%=-0,20 a -0,03), respectivamente, corroborando com os achados apresentados na Figura 1. Referente STI, não se observou mudança de nível, ou seja, não houve queda abrupta na tendência temporal da cobertura vacinal com o surgimento da COVID-19; todavia, notou-se um decréscimo acentuado na tendência temporal decrescente da cobertura vacinal de BCG, em que passou a registrar queda de -0,81% ao ano após fevereiro de 2020 (IC95%= -1,50 a -0,09). O estudo evidenciou uma queda significativa na cobertura vacinal nos últimos dez anos para os principais imunizantes administrados nos primeiros 30 dias de vida do recém-nascido. Portanto, torna-se essencial o desenvolvimento de um planejamento estratégico alinhado às particularidades de cada região para reverter baixas coberturas vacinais, promovendo campanhas de sensibilização sobre a relevância das vacinas e do risco do reaparecimento de doenças previamente erradicadas no Brasil.
Palavras Chave
Cobertura Vacinal; Real World Evidence; Análise de Séries Temporais; Estudos de Séries Temporais Interrompidas
Área
Eixo 15 | Vacinas e imunizações
Prêmio Jovem Pesquisador
4.Não desejo concorrer
Autores
Thaís Zamboni Berra, Paula Cristina Pungartnik, Ana Beatriz Machado Almeida , Julia Lombardi Molinari Costa , Angelica Carreira dos Santos