Dados do Trabalho
Título
AVALIAÇÃO DO IMPACTO DO DESMATAMENTO NA DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA DA FEBRE AMARELA NO BRASIL ENTRE 2013 E 2023: UM ESTUDO RETROSPECTIVO
Introdução
A Febre Amarela é uma doença infecciosa causada pelo vírus da família Flavivirus transmitida pela picada da fêmea Haemagogus spp. e Sabethes spp. no ciclo silvestre, e Aedes aegypti no urbano. Possui como área endêmica a Região Norte e, com seu ciclo urbano extinto, hoje nota-se um aumento nas infecções silvestres em regiões não endêmicas. Durante o período avaliado, é perceptível um desmatamento constante na Amazônia Legal, aumentando o deslocamento de primatas não humanos, principais reservatórios, a novos ambientes, além da adaptação do vetor para as novas áreas de surtos. Assim, compreender esse impacto é essencial para desenvolver estratégias de prevenção e de controle, de modo a proteger a saúde pública e o meio ambiente.
Objetivo (s)
Analisar a influência do desmatamento quanto à reemergência de febre amarela em regiões não endêmicas no Brasil no período de 2013 a 2023.
Material e Métodos
Trata-se de um estudo ecológico transversal, descritivo e observacional, com dados advindos do Sistema de Informação de Agravos de Notificação. Ademais, utilizou-se informações ambientais referentes às áreas de desmatamento a partir do programa MapBioma e buscou-se uma relação entre ambos.
Resultados e Conclusão
Entre 2013 e 2023, observou-se, no total, 2.308 casos confirmados de Febre Amarela no Brasil (Sinan Net). Dessa coleta, a Região Norte se manteve estável na maior parte do tempo. Todavia, foi perceptível uma rota com aumento inicial em regiões próximas à área endêmica. Essa disseminação foi iniciada no Centro Oeste, com 14 ocorrências entre 2015 e 2017. Posteriormente, seguiu pelo Sudeste de 2016 a 2019, tendo ocorrido um surto de transmissão silvestre com 2.217 casos, o maior número (96%) durante todo o período avaliado. Por fim, houve 39 notificações na Região Sul no período de 2019 a 2021. Já em relação ao desmatamento (MapBiomas), foi notável uma constância no Arco do desmatamento, além de uma ascensão nas áreas totais a partir de 2018, somando em todo o período avaliado (2013-2021), 19.459.299 ha de vegetação devastada. Isso afeta diretamente a região endêmica, deslocando reservatórios naturais da doença e adaptando os transmissores silvestres, o que aproxima cada vez mais o urbano das áreas silvestres e aumenta os casos de infecção. Assim, é crucial tomar medidas profiláticas contra esta doença de alta letalidade, além da necessidade de ampliar as coberturas vacinais nos municípios de áreas de risco, em índices seguros de imunização.
Palavras Chave
Febre Amarela; Desmatamento; One health.
Área
Eixo 01 | Ambiente e saúde
Prêmio Jovem Pesquisador
4.Não desejo concorrer
Autores
Nathália Torrente Moreira, Amanda Soares Montalvão Ferreira, Hanielly Magalhães de Oliveira Costa, Andreia Patrícia Gomes