Dados do Trabalho
Título
Consistência de utilização dos protocolos de tratamento segundo tipo de acidente ofídico no estado de São Paulo entre 2012 e 2022
Introdução
A ocorrência de acidentes com animais peçonhentos é um desafio para saúde pública. Em 2023, o estado de São Paulo (ESP) registrou o maior número de notificações dos últimos 25 anos, com 72.380 acidentes e 28 óbitos. Em caso de envenenamento, o tratamento deve ser feito com soro específico ao tipo de acidente, seguindo protocolos estabelecidos pelo Ministério da Saúde (MS), onde o número de ampolas está relacionado à gravidade do envenenamento. Os antivenenos são produtos biológicos oriundos do plasma processado e purificado de equinos imunizados com antígenos derivados de venenos animais. Atualmente, no Brasil, somente o Instituto Butantan está fabricando os soros pois os outros laboratórios permanecem em processo de adequações. O processo de fabricação é longo e depende da resposta imunológica obtida dos animais, por isso, o uso racional é de extrema importância para não ocorrer desperdícios e escassez.
Objetivo (s)
Avaliar a consistência da classificação de gravidade e utilização de soro no tratamento dos acidentes ofídicos (tipo serepente peçonhenta x gravidade do acidente x número de frascos para tratamento).
Material e Métodos
Estudo descritivo retrospectivo dos acidentes notificados no SINAN, comparando a classificação de gravidade ao número de frascos utilizados e o tipo de acidente.
Resultados e Conclusão
Entre 2012 e 2022 foram notificados no ESP 23.855 acidentes ofídicos e 61 óbitos causados por serpentes, onde 89,3% dos botrópicos, 77,5% crotálicos e 53,2% elapídicos utilizaram soro no tratamento. Nos envenenamentos botrópicos, 80,8% dos acidentes leves, 82,6% moderados e 29,6% graves, atenderam aos protocolos do MS. Nos acidentes crotálicos, 76,0% dos leves, 53,1% moderados e 54,1% graves, atenderam. Nos elapídicos 49% das notificações atenderam à classificação de gravidade do acidente e, destas, 75,7% utilizaram o quantitativo adequado. Houve inconsistências entre os protocolos recomendados pelo MS segundo o tipo de acidente e o número de frascos utilizados, sugerindo a necessidade de ações voltadas para os profissionais de saúde que atendem os acidentados, com o objetivo de reforçar as diferenças clínicas apresentadas em cada tipo de envenenamento e da utilização das doses preconizadas, com base na classificação da gravidade dos acidentes, uma vez que o tratamento de acidente ofídico é específico e dose dependente e erros na utilização do soro adequado ou na dosagem recomendada pode contribuir para o agravamento do quadro clínico, sequelas (amputações) ou aumento da letalidade.
Palavras Chave
Acidente ofídico; Serpentes; soroterapia antiveneno; doença negligenciada; vigilância acidentes por animais peçonhentos
Área
Eixo 03 | Acidentes por animais peçonhentos
Prêmio Jovem Pesquisador
4.Não desejo concorrer
Autores
Gisele Dias Freitas, Patrícia Miyuki Ohara, Anderson Oliveira, Nascione Ramos Souza, Luis Paulo Lima Junior, Marcia Regina Buzar, Roberta Maria Fernandes Spinola, Fan Hui Wen