Dados do Trabalho

Título

Vigilância laboratorial de Mpox no ano de 2023 no estado de Minas Gerais

Introdução

A Mpox é uma doença zoonótica causada pelo vírus Monkeypox (MPXV), pertencente ao gênero Orthopoxvirus. A infecção se manifesta clinicamente com sintomas como febre, linfadenopatia, erupções cutâneas características e uma variedade de sintomas sistêmicos que podem incluir mal-estar geral, dores musculares e dores de cabeça. Tradicionalmente, a Mpox é endêmica em regiões da África Central e Ocidental. No entanto, nos últimos anos, a doença ganhou atenção global devido à ocorrência de surtos em países fora dessas áreas endêmicas. Esta propagação inesperada levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar a Mpox como uma emergência de saúde pública de importância internacional em julho de 2022. A declaração de emergência permaneceu em vigor até maio de 2023.

Objetivo (s)

Investigar laboratorialmente a incidência de Mpox no estado de Minas Gerais em 2023 por meio dos resultados de qPCR e caracterizar os casos confirmados. 

Material e Métodos

Foram recebidas no Laboratório Central de Saúde Pública de Minas Gerais (LACEN-MG)  amostras de indivíduos com suspeita de mpox de várias regiões de Minas Gerais. As amostras, incluindo swabs de lesões cutâneas, crostas de lesão e soro foram analisadas utilizando a técnica de reação em cadeia da polimerase em tempo real (qPCR) para detecção do DNA viral de MPXV e também do vírus Varicella-Zoster (VZV) como diagnóstico diferencial. Os dados epidemiológicos foram obtidos por meio das fichas de investigação encaminhadas junto as amostras biológicas e também a partir do sistema Gerenciador de Ambiente Laboratorial (GAL). 

Resultados e Conclusão

Durante o ano de 2023, foram recebidas 456 amostras para diagnóstico de mpox. Dessas, 67 (14,7%) foram confirmadas como positivas para MPXV por qPCR. A quase totalidade dos casos confirmados ocorreu em indivíduos do sexo masculino (n=65; 97%). As idades dos indivíduos com resultado detectável para Mpox variaram de 18 a 58 anos, com uma média de 34 anos. As amostras foram provenientes de pacientes com datas de início de sintomas durante todo o ano de 2023, tendo sido 7 amostras colhidas no 1º trimestre, 3 no 2º trimestre, 7 no 3º trimestre e 50 no 4º trimestre. Em relação ao diagnóstico diferencial,  54 amostras (11,8%) tiveram resultado confirmado para VZV em qPCR. Conclui-se que, mesmo após o fim do decreto de emergência internacional, a Mpox permaneceu como uma preocupação significativa de saúde pública, ressaltando a necessidade de vigilância contínua e diagnósticos diferenciais precisos.        

Palavras Chave

Mpox; vigilância laboratorial; diagnóstico laboratorial; Monkeypox