Dados do Trabalho
Título
Análise morfométrica de populações naturais de Aedes aegypti (Diptera, Culicidae) de diferentes biomas brasileiros
Introdução
A morfometria geométrica utiliza coordenadas como pontos de referência para visualizar diferenças entre formas complexas. Em estudos com dípteros, as asas são frequentemente o foco dessas análises. O Aedes aegypti, mosquito vetor de diferentes vírus causadores de doenças tropicais, como dengue e Zika, é uma preocupação de saúde pública no Brasil. Atualmente, questiona-se o quanto o vetor é sensível às variações ambientais, como temperatura e umidade, influenciadas pelas mudanças climáticas. Usar o Ae. aegypti como modelo de análise morfométrica possibilita entender as adaptações morfológicas do mosquito em resposta a essas mudanças, que poderiam afetar sua distribuição geográfica e sua capacidade vetorial.
Objetivo (s)
Neste estudo investigamos a forma da asa de quatro populações de Ae. aegypti [São Gabriel da Cachoeira (AM); Oiapoque (AP); Tauá (CE) e Arapongas (PR)], além da linhagem referência Rockefeller, como controle interno, e sua associação com a longevidade dos indivíduos.
Material e Métodos
As populações e a linhagem rockefeller foram mantidas em estufas incubadoras B.O.D. em quatro réplicas e cerca de 50 indivíduos cada (25 machos/25 fêmeas), sob condições 26 ±1°C, 70 ±5% de umidade relativa e regime claro/escuro (12h:12h). Os adultos foram mantidos em jejum, recebendo apenas algodão com água. Diariamente, até o limite de 14 dias, a asa direita dos espécimes mortos foi fotografada, e teve suas coordenadas marcadas usando o software tpsDIG, para posterior análise estatistica com o MorphoJ.
Resultados e Conclusão
Foram incluídas 19 coordenadas por asa e realizadas a Análise de Componentes Principais (PCA), para explorar variações de forma entre indivíduos, e a Análise de Variáveis Canônicas (CVA), para investigar a variação entre grupos (populações, réplicas, dia da morte e sexo). Não houve relação direta entre a forma da asa e o registro de mortalidade diário. As PCAs individuais de cada população revelaram diferenças significativas entre machos e fêmeas. Já a CVA indicou diferença na forma da asa de cada população, apesar de tais diferenças serem mais distintas ao incluir o tamanho como variável. Os resultados evidenciam que essas disparidades morfométricas podem refletir adaptações gerais do mosquito às condições ambientais específicas de cada região do Brasil. A continuidade deste estudo nos permitirá melhor entender sobre variações fenotípicas associadas a pressões de adaptação a diferentes temperaturas e, consequentemente, a possíveis questões relacionadas à capacidade vetorial.
Palavras Chave
morfologia; morfometria alar; mosquito; mudanças climáticas.
Área
Eixo 04 | Entomologia / Controle de Vetores
Prêmio Jovem Pesquisador
4.Não desejo concorrer
Autores
Jéssica Gouvêa Ferreira, Bárbara da Silva de Souza, Ademir Jesus Martins