Dados do Trabalho
Título
Avaliação do desenvolvimento pós-embrionário de Chrysomya megacephala (Fabricius, 1974) (Diptera: Calliphoridae) após dissociação enzimática dos ovos utilizando papaína: etapa preliminar à terapia larval
Introdução
Terapia larval (TL) é um tratamento biológico utilizado em feridas infectadas ou com biofilme. Larvas de Calliphoridae, previamente desinfectadas, são aplicadas no leito das feridas gerando três ações fundamentais: desbridamento, desinfecção e cicatrização. No Brasil, Chrysomya megacephala é a espécie mais utilizada. Para aplicar a TL, é necessário desinfectar grandes quantidades de ovos, a dissociação dos ovos é uma etapa fundamental, garantindo que agentes químicos atuem em sua superfície. Estudos preliminares demonstraram que a papaína, enzima proteolítica encontrada na Carica papaya (Linnaeus, 1753) pode agir como dissociador.
Objetivo (s)
Objetivou-se avaliar o desenvolvimento pós-embrionário desta espécie após dissociação dos ovos utilizando Papaína (12000 USP/mg), com 0,5% e 1,0%.
Material e Métodos
Insetos foram capturados no Campo de Santana, RJ, identificados taxonomicamente e transferidos para gaiolas, recebendo água, mel à 50% e moela até a geração nativa. Massas de ovos foram obtidas oferecendo moela por quatro horas. Massa de ovos (0,150g) foram transferidas para tubos de ensaio com 1 mL de solução: papaína à 1% (T1); 0,5% (T2); e água destilada (Controle). Após 1 minuto, usou-se vórtex por 5 segundos, repetindo-se até a dissociação, os quais foram transferidos para placas de Petri. Após 24 horas, quarenta neolavas foram transferidas para moela (50 g), em triplicata. Larvas maduras foram pesadas (lotes de cinco), transferidas para tubos de ensaio contendo serragem até emergência. As observações foram diárias. Para comparar os tratamentos, realizou-se análise de PERMANOVA (999 permutações), utilizando o pacote vegan do software RStudio 3.6.0 (5% significância).
Resultados e Conclusão
Não houve influência da papaína sobre a viabilidade e desenvolvimento de C. megacephala em seus diferentes estágios de desenvolvimento (F = 1.508, df = 2, p = 0.467). O peso médio das larvas (C = 0,325; T1 = 0,307; T2 = 0,356), duração total de desenvolvimento (C = 9,1; T1 = 9,1; T2 = 9), duração de desenvolvimento larval (C = 5,1; T1 = 5,2; T2 = 5,0) e pupal (C = 4,1; T1 = 4,0; T2 = 4,0) não apresentaram diferença. Observou-se alta viabilidade larval (C = 88,75%; T1 = 85,0%; T2 = 95,0%), pupal (C = 94,14%; T1 = 86,71%; T2 = 94,72%) e total (C = 83,75%; T1 = 73,75%; T2 = 90,0%) (neolarva a adulto) após dissociação. 100% das pupas completaram desenvolvimento. A normalidade foi elevada (C = 99,10%; T1 = 94,28%; T2 = 95,63%). Mais experimentos que atestem a efetividade da papaína como dissociante são recomendados.
Palavras Chave
Bioterapia; Estágio larval; Estágio Pupal; Estágio ovo-adulto; Viabilidade.
Área
Eixo 04 | Entomologia / Controle de Vetores
Prêmio Jovem Pesquisador
4.Não desejo concorrer
Autores
Valmiria Moura Leoncio de Albuquerque Gomes, Jéssica Silva Costa , Wellington Thadeu de Alcantara Azevedo, Mariana Passos Nunes, Daniele Lourinho Dallavecchia, Arthur Henrique da Silva Amêndola, Raquel Moreira Ramos, Ana Carolina Medeiros Debelian, Cláudia Soares Santos Lessa, Renato Geraldo Silva Filho, Valéria Magalhães Aguiar