Dados do Trabalho
Título
Modelos de nicho ecológico para vetores de febre amarela
Introdução
A febre amarela é uma doença endêmica em diversas regiões do Brasil, onde está restrita ao ciclo silvático. Entre os principais vetores estão os mosquitos Haemagogus janthinomys (HJ), Haemagogus leucocelaenus (HL) e Sabethes chloropterus (SC). Uma epidemia recente levantou um alerta sobre maior disseminação da doença e sua possível reurbanização. Um fator possivelmente envolvido nisso é a mudança climática, que pode tornar novos locais adequados aos vetores. Futuras alterações na temperatura e no regime de chuvas, portanto, podem consolidar a febre amarela em novas áreas ainda não endêmicas. Vê-se, assim, a necessidade de se aprofundar o entendimento sobre a relação entre variáveis bioclimáticas e a ocorrência dessas espécies, de modo a possibilitar estimativas de ocorrência futuras e, assim, melhor preparar os sistemas de vigilância em saúde.
Objetivo (s)
Calibrar modelos de nicho ecológico (ENM) para HJ, HL e SC que sejam simples e extrapoláveis, possibilitando projetar a distribuição destes mosquitos em cenários futuros de mudanças climáticas.
Material e Métodos
Utilizando Maxent, foram feitos modelos de nicho ecológico com ocorrências georreferenciadas de 1960 a 2005. Também utilizou-se um background que reflete o esforço amostral e variáveis bioclimáticas da base Worldclim. Os dados foram divididos em treino e teste (70:30%) e o conjunto de treino foi usado para selecionar variáveis e otimizar os hiperparâmetros, com divisão em cross-validation espacial com 3 folds. Os modelos foram escolhidos com base em AUCdiff e marginal response curves. (CEUA 8966140422)
Resultados e Conclusão
Os modelos de HJ, HL e SC tiveram alta acurácia (AUCtest= 0.80, 0.73 e 0.71) e baixo sobreajuste (AUCdiff= -0.08, -0.04 e -0.01), com marginal response curves e distribuição geográfica biologicamente plausíveis. A variável mais importante para cada foi, respectivamente: precipitação do quadrimestre mais úmido, sazonalidade de temperatura e intervalo médio diurno. Adequabilidade maior foi encontrada em valores mais altos de precipitação e temperatura. De acordo com os modelos, atualmente, os locais adequados para HJ estão principalmente no norte, centro-oeste e litoral nordeste; para HL, na metade inferior do país e, para SC, em todas as regiões exceto sul. Tais locais condizem com modelos feitos por outros autores. Estes modelos permitem projetar a distribuição dos principais vetores da febre amarela silvática em função de variáveis bioclimáticas com alta confiabilidade, o que possibilita seu uso para projeções em futuras mudanças no clima.
Palavras Chave
ENM; Febre Amarela; mudanças climáticas; Modelos; Distribuição de espécies; Mosquitos Vetores.
Área
Eixo 14 | Zoonoses e Saúde Única
Prêmio Jovem Pesquisador
4.Não desejo concorrer
Autores
Ana Clara Kohara Roman, José Henrique de Hildebrand e Grisi Filho