Dados do Trabalho

Título

Série histórica da ocorrência de Epizootias entre 2016 e 2023 no estado de Alagoas, nordeste do Brasil.

Introdução

Epizootia é um conceito utilizado na saúde pública e ecologia definida como a ocorrência de um determinado fenômeno em um número inusitado de animais, podendo levá-los ao adoecimento ou a morte. A sua vigilância justifica-se, pois, estes eventos podem preceder doenças em seres humanos e/ou outros animais. 

Objetivo (s)

Objetivou-se descrever a ocorrência das epizootias no estado de Alagoas, nordeste do Brasil.

Material e Métodos

Foram utilizados dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), disponibilizados pela Secretaria Estadual de Saúde de Alagoas. Por se tratar de dados públicos e não identificar qualquer indivíduo, não há a necessidade de submissão em Comitê de Ética.

Resultados e Conclusão

Há registro de notificações a partir de 2016 e, até 2023, houve 303 notificações em 45 municípios, sendo 01 notificação no ano de 2016, 44 em 2017, 39 em 2018, 37 em 2019, 06 em 2020, 76 em 2021, 48 em 2022 e 52 notificações em 2023. Em relação aos animais acometidos, os primatas não humanos foram os mais reportados, acumulando 57,76% (175/303) das notificações. Foram observadas ainda 10,89% (33/303) das notificações envolvendo bovídeos, 4,62% (14/303) equídeos, 3,63% (11/303) morcegos, 2,64% (08/303) caninos, 2,31% (07/303) aves, 1,98% (06/303) felinos e 1,32% (04/303) outras espécies, como roedores e suínos. Houve 45 notificações onde não consta a espécie animal envolvida. Dentre as suspeitas diagnósticas destacou-se a raiva, onde 202 (66,67%) casos foram notificados como suspeita principal. Ademais, registrou-se 27 (8,91%) suspeitas para febre amarela, 04 (1,32%) para febre do Nilo, 01 (0,33%) para influenza aviária e 07 (2,31%) outras doenças não especificadas nas notificações. Registrou-se 62 notificações com a suspeita diagnóstica ignorada, sendo este um ponto de melhoria para a vigilância local. Após investigação laboratorial, das doenças epizoóticas registradas, apenas casos para raiva foram confirmados, totalizando 15,8% dos casos notificados (32 casos). Do total de casos de raiva confirmados, observou-se maior frequência da infecção na espécie bovina, com 22(68,75%) casos positivos, seguido de 07 (21,8%) equídeos, 01 (3,1%) cão, 01 (3,1%) morcego e em 01 (3,1%) capivara. Conclui-se que instrumentos para registros de dados de epizootias são importantes para o processo de vigilância e investimentos contínuos em qualificação da rede de informação são essenciais para enfrentar os desafios, com o intuito de evitar os riscos de transmissão zoonótica para a população humana e outros animais.

Palavras Chave

Zoonoses; Epidemiologia; Vigilância em Saúde.